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Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

Investir no 'esporte social' já se mostrou caminho para corrupção

Nenhuma novidade no discurso de posse do novo ministro do Esporte George Hilton, nesta sexta-feira, em Brasília. O pastor da Igreja Universal do Reino de Deus disse não entender "profundamente" de esporte, o que todo mundo já sabia. O mais importante: disse que vai dar "atenção especial "ao "esporte social, ao esporte inclusão, educacional e comunitário".

Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Não é preciso ir muito longe para lembrar que foi exatamente com essa desculpa que o PCdoB montou um grande esquema de desvios dentro do ministério do Esporte, culminando com a queda do ministro Orlando Silva. À época, em 2011,a imprensa denunciou que convênios fraudulentos com ONGs ligadas ao PCdoB, dentro do programa Terceiro Tempo, retornavam como uma espécie de "pedágio" ao partido. Lembre aqui.

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Não é coincidência que o PRB tenha optado, agora, por seguir os passos dados pelo PCdoB há alguns anos, quando os comunistas colecionaram secretarias de Esporte. Assim, mesmo o dinheiro que sai do ministério e vai para os Estados e Municípios continuará nas mãos do partido. Distrito Federal, Minas Gerais, Ceará e São Paulo têm políticos do PRB à frente da pasta esportiva.

No seu discurso desta sexta-feira, Hilton disse que não conhece o funcionamento do esporte. Agora, ele tem dois caminhos. Um deles é se associar a quem entende. O Comitê Olímpico Brasileiro, apesar de ter o eterno Carlos Arthur Nuzman na presidência, hoje é tocado por ex-atletas do calibre de Adriana Behar e, principalmente, Marcus Vinicius Freire. Nos últimos anos, as ações do órgão são quase inquestionáveis e os resultados têm sido vistos dentro de campo/quadra/tatame...

O outro caminho é exatamente aquele que o ministro já indicou que escolheu tomar. No seu perfil no Facebook, comemorou o apoio da Confederações Brasileiras de Sin Moo Hapkido (uma arte marcial derivada do Hapkido) e Jiu-Jítsu Esportivo (arte marcial derivada do jiu-jítsu brasileiro) . Não são entidades das mais respeitadas. Também recebeu o apoio de Marco Polo Del Nero, da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), de quem não é necessário fazer nenhum comentário adicional.

Confederações de lutas marciais, não-olímpicas, são uma praga em órgãos como as secretarias municipal e estadual de Esporte em São Paulo. Enquanto as modalidades olímpicas têm que se submeter a uma série de regras para pertencerem ao COI (Comitê Olímpico Internacional) e ao COB, recebendo recursos da Lei Piva e passando por fiscalização mais intensa, tando de órgãos de controle quanto da imprensa, as de lutas marciais são terra de ninguém.

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Ninguém impede que cinco pessoas se reúnam e criem uma "Confederação de Jiu-Jitsu Esportivo do Brasil". Bastam alguns movimentos políticos e a suposta confederação passa a ser apta a assinar convênios e, seus atletas, a receberem Bolsa Atleta. Se o controle sobre isso já era baixo sob Aldo Rebelo, tudo indica que será ainda menor com George Hilton.

Em reportagem deste blogueiro com a repórter Ana Fernandes, o Broadcast Político revelou, na quarta-feira, que o novo secretário estadual de Esporte de São Paulo, Jean Madeira, também do PRB, tem seu nome ligado a irregularidades em convênios firmados com o Instituto Esporte e Vida. São 11 convênios, que somam mais de R$ 400 mil, todos para realização de eventos da "Juventude contra o Crack". A entidade, presidida por um dirigente paulista do futebol de areia, é ligada a Madeira (vereador por São Paulo), que por sua vez se diz o criador dos eventos. Um mês após a realização dos eventos, a secretaria municipal detectou irregularidades em cinco convênios, com uso de verba pública para a promoção do nome de Madeira em cartazes e troféus.

Com o PRB, podem crescer os repasses a estas ONGs "desconhecidas" e a confederações de modalidades não-olímpicas (aposta do blogueiro: luta de braço, MMA, kickboxing e kung fu). Este repórter não ficará surpreso se, na esfera do "apoio ao esporte universitário", abram-se as portas do ministério para o vereador paulista Aurélio Miguel, presidente da FUPE (Federação Paulista Universitária). Aí o buraco será mais fundo.

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