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Sua dose diária de esporte olímpico brasileiro

Matheus admite comparação com Cielo, mas rejeita treinar nos EUA

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Por Demetrio Vecchioli
Atualização:

Nas provas de velocidade, cada décimo reduzido no tempo é fruto de longo trabalho e motivo de grande comemoração. Maior revelação da natação brasileira, Matheus Santana festeja ter evoluído 60 centésimos entre dezembro do ano passado e este fim de abril para se tornar o novo recordista mundial júnior dos 100 metros livre, com 48s61, marca feita no último sábado, no Troféu Maria Lenk. Isso aos 18 anos, com pelo menos mais dois de margem para poder ser equiparado aos melhores do mundo.

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A análise é fácil: em Londres/2012, entre os 25 primeiros colocados, nenhum tinha menos de 20 anos. Nessa idade, só o francês Yannick Agnel, que foi quarto colocado - um ano antes, aos 19, sua melhor marca era igual a que Matheus tem hoje, aos 18. Todos sabem que, mantendo a evolução, Matheus pode brigar por medalha em 2016. "Não me sinto pressionado, me sinto como outro atleta. Esse negócio de pressão vou sentir só daqui a um tempo. Pressão não sinto, sou bem tranquilo com isso", garantiu Matheus, em entrevista exclusiva ao blog.

Atleta da Unisanta (Universidade Santa Cecília, de Santos), Matheus recusa seguir o mesmo caminho dos maiores velocistas brasileiros. Cesar Cielo e Matheus Chierighini fizeram faculdade em Auburn, no Alabama. Bruno Fratus foi para lá no ano passado e vive a melhor fase da carreira. João de Lucca, outro concorrente a um posto no revezamento 4x100m livre do Brasil, fez universidade em Louisville. Thiago Pereira e Felipe Lima, os outros grandes da natação brasileira de hoje, também passaram boa parte da carreira nos EUA.

"Por enquanto penso em ficar aqui. O trabalho está dando certo com o (técnico) Márcio (Latuf), não penso em mudar. Só depois da Olimpíada, quem sabe", comenta Matheus, que tem contrato até 2016 com a Unisanta e não pretende sair de lá. A bolsa de estudos, aliás, está garantida.

ÍDOLO - Pelos tempos, a referência natural é Cesar Cielo. Em 2006, quando já tinha 19 anos, o depois campeão olímpico venceu o Maria Lenk com 48s82, batendo o recorde do torneio na ocasião. Mas Matheus, desde pequeno, está acostumado com as comparações com o recordista mundial.

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"Alguns recordes que venho quebrando na base são dele. Alguns recordes dele que eu bati já foram batidos por outros atletas. É uma comparação boa. Não fico pensando nisso todo dia. Não fico pensando que tenho que ser o Cielo. Tenho que ser eu e depois chegar onde o Cielo está", aponta Matheus, já tratado, até mesmo neste blog, pela alcunha de "Novo Cielo".

Questionado a quem tem como ídolo, porém, o garoto aponta um colega de clube. "Estou dividindo quarto com ele. Meu ídolo é o Nicholas Santos, acho ele um cara do bem, com uma postura muito boa, todos os atletas deveriam se espelhar. É humilde, focado, passa experiência, dá um toque, brinca com todo mundo, falo pra ele que ele é meu ídolo", conta Matheus, em referência ao atual campeão mundial dos 50m borboleta em piscina curta.

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