Talvez por uma espécie de preconceito às avessas - foge de todos os estereótipos do jogador de futebol, o que muitas vezes é desculpa para alguns carimbarem verdades na testa alheia -, Kaká encarnou a imagem do São Paulo freguês do arquirrival Corinthians numa época em que o Alvinegro era a melhor equipe do Brasil. Apesar do extraordinário talento que demonstrava, parte da torcida preferiu chamá-lo de "pipoqueiro".
O resto é história. Kaká foi para o Milan por U$8,5 milhões - "preço de banana", na precisa definição de Silvio Berlusconi -, desbancou Rivaldo e Rui Costa, virou lenda na Itália e chegaria à consagração máxima em 2007, quando foi eleito o melhor do mundo após levar o Rossonero nas costas no título da Liga dos Campeões. Kaká, inclusive, foi o único a bater Lionel Messi e Cristiano Ronaldo numa eleição da Fifa.
As muitas lesões e a má-vontade de José Mourinho impediram que as expectativas no Real Madrid fossem alcançadas e, após uma segunda passagem por Milão, o meia voltou ao Morumbi para enfim receber o pedido de desculpas que lhe era devido por parte da torcida.
Mesmo sem títulos, saiu aplaudido de pé e reconhecido como um dos grandes que vestiram a camisa do São Paulo. As lágrimas, dessa vez, foram de alegria.
E Kaká vai para os Estados Unidos com as contas acertadas com a história. Ela o devia isso.