Luiz Prosperi
21 de junho de 2010 | 19h51
Dunga assumiu a Seleção Brasileira em agosto de 2006. Na época, uma fonte da CBF me disse que o presidente Ricardo Teixeira queria um treinador que “chegasse chutando a porta”, uma tentativa de apagar os escândalos e fracassos do Brasil na Copa da Alemanha.
Dunga chegou com essa missão. Afastou os jogadores de barriga cheia e partiu para o confronto com a imprensa.
De cara chutou a porta acabando com supostos privilégios da TV Globo na cobertura da Seleção.
De início, a emissora comprou a guerra. Depois, se conciliou pela boa convivência e de olho nos picos de audiência. Houve uma tolerância mútua.
O reinado de Dunga cresceu. Nem mesmo as estranhas convocações de jogadores desconhecidos como Afonso (então artilheiro de um time pequeno na Holanda, Fernando (ex-Juventude) e outros obscuros no futebol do leste europeu e times médios da Espanha, Alemanha e Itália, despertaram a desconfiança de um jogo de interesses usando a Seleção.
É bom lembrar que Jorginho, escudeiro de Dunga, pouco antes de assumir um cargo na Seleção, era sócio do ex-jogador Bebeto no mercado de agentes de jogadores.
O tempo passou. Dunga se tornou um vitorioso no comando da Seleção e a Globo não interessava mais.
Vem a Copa do Mundo, a maior rede de televisão do Brasil manda seu exército de competentes profissionais a África, mas não consegue domar Dunga. Ele chutou a porta mais uma vez. E, parece, arrebentou.
A tranca quebrada foi parar na mesa do presidente Ricardo Teixeira, o senhor absoluto da Copa de 2014 no Brasil.
Difícil saber se Teixeira vai comprar essa briga. Manda arrumar a tranca ou compra um cadeado?
A Globo vai evitar a polêmica com Dunga até o final da Copa na África do Sul. Depois, vai ser a sua vez de arrebentar a porta. A conferir.
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