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Futebol: bastidores e opinião

Corinthians e o silêncio do futebol

Por Luiz Prosperi
Atualização:

A vitória mais sem graça da vida do Corinthians. O jogo mais silencioso da história do Alvinegro. Talvez o menor público do século nos registros do clube do Parque São Jorge - apenas quatro pagantes, aliás quatro portadores de uma liminar. Os donos do espetáculo, se espetáculo havia. A solidão do Pacaembu. Os rituais sem nexo do locutor oficial do estádio anunciando as escalações, substituições e o tic-tac do cronômetro. A sonolência dos locutores da televisão e das rádios. A comemoração dos gols sem aplausos e desprovidos de júbilo. Os guardas, sempre tão zelosos e de costas para o gramado, agora de frente para o campo do jogo e de costas para as arquibancadas porque não havia ninguém para vigiar. Um bate-papo de fardados na missão mais tranquila de suas vidas de quartel. O abandono da Praça Charles Muller, escura com o véu da noite. Os flanelinhas de mãos abanando. As vias ao redor do estádio desentupidas e os vizinhos sem do que reclamar. O empenho dos jogadores com o coração frio. O Pato em busca de uma alma para vibrar com seu gol no deserto Pacaembu. A quietude mortal das torcidas. A noite em que as imensas facções organizadas de torcedores descobriram o quanto são pequenas e insignificantes. Tudo isso para narrar a estupidez que foi a morte de Kevin Beltrán. Enfm, se ouviu o silêncio do futebol.

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