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'Vida é um negócio para os países ricos', afirma Evo Morales

João Coscelli - estadão.com.br

Por João Coscelli
Atualização:
 Foto: Estadão

O presidente da Bolívia, Evo Morales, teceu duras críticas aos países desenvolvidos e questionou o conceito de ambientalismo em seu discurso na plenária de chefes de Estado e governo da Rio+20. Para ele, o capitalismo considera a vida "apenas um negócio" e "usa o meio ambiente para seus próprios fins".

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No início de seu pronunciamento, Morales lembrou que há 20 anos, durante a Eco-92, o ex-presidente cubano Fidel Castro pediu aos líderes mundiais que lutassem "contra a fome, e não contra o homem, e que fosse paga a dívida ambiental, não a externa". Segundo o boliviano, a dívida ambiental ainda não foi paga, e esse aspecto precisa ser repensado pelos países de primeiro mundo.

A partir de então, começou a tecer as críticas aos países industrializados. Morales afirmou que o conceito de ambientalismo nada mais é que "a nova forma de colonização do capitalismo", já que mercantiliza os recursos naturais e "transforma toda planta, toda árvore, toda gota d'água em algo a ser vendido". "O ambientalismo privatiza a riqueza natural e socializa a pobreza, é um sistema imperialista, que quantifica tudo", disse.

Para o boliviano, que excedeu o limite de cinco minutos de discurso, os países de primeiro mundo se preocupam demais em lucrar e deixam para as nações do sul a responsabilidade de preservar o meio ambiente.

"Não é possível que uma civilização de cerca de 200 anos ou 300 anos tenha conseguido destruir a vida harmônica que os povos indígenas desfrutaram durante mais de 5 mil anos", disse Morales, bastante aplaudido. Vários líderes indígenas participaram da plenária e simpatizam com o boliviano, que também tem origem indígena e é um dos mais proeminentes defensores da causa dos nativos no mundo.

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