O garoto boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, de 14 anos, foi morto no jogo do Corinthians com o San José, no Estádio Jesús Bermúdez, em Oruro. Mais ou menos nessas condições. É mais um na estatística da violência no futebol brasileiro, embora seja boliviano. Há anos alertamos para o fato da total perda de controle das instituições em relação às torcidas organizadas no futebol do Brasil. O episódio foi provocado pela torcida do Corinthians, a mesma que matou um palmeirense em emboscada no Paulistão passado e a mesma também que invadiu a apuração do carnaval de São Paulo em 2012 para tomar os votos dos jurados e dar fim ao resultado, mas poderia ser provocado por qualquer outra dita Uniformizada. São todas iguais. São todas com a faca nos dentes, prontas para provocar o rival, mesmo não sendo rival, como era o caso do time de Oruro.
O fato é que precisa ser feito muito mais que apenas condenar a torcida de modo geral, fechando os portões para o torcedor nas partidas do Corinthians, como a Conmebol fez em medida inicial, e rápida, que ainda será confirmada em até 60 dias. Mas já é o começo. O clube vai perder dinheiro, em média R$ 8 milhões, sem a renda das bilheterias na Libertadores com a punição. Já tinha vendido mais de 80 mil ingressos para os três jogos na fase de grupos. Alguns torcedores identificados em Oruro também estão presos. Também já ajuda.
Mas ainda é pouco. O tempo vai passar, esses caras serão esquecidos, a torcida que provocou a morte do garoto vai 'desparecer' por meses e a dor da perda ficará restrita apenas aos corações dos familiares do menino de 14 anos. Esse filme todos nós já conhecemos.
E nada vai mudar até a próxima morte. Esse é o problema. Muita gente séria já tentou dar cabo às 'instituições' organizadas. Todos eles fracassaram. A polícia prende e o justiça libera. Até quando?
O CORINTHAINS PERDE A CHANCE DE DAR EXEMPLO O Corinthians provou nas últimas temporadas ter aprendido com situações adversas e deixado o fundo do poço, quando o clube estava envolvido no noticiário policial, para ganhar o mundo. Cresceu e tornou-se exemplo para todos no Brasil. Poderia continuar nessa vanguarda no que diz respeito à mudança em relação ao tratamento das torcidas organizadas. Mas ao que se vê até esse momento, perde a chance de dar o exemplo mais uma vez. A diretoria do clube não aceita a punição, a culpa ou como queiram chamar o episódio que aconteceu na Libertadores. E vai correr atrás de seus direitos. Ou seja: vai lutar para deixar tudo como está. Uma pena. Pensa apenas no dinheiro que deixará de ganhar.