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Opinião|Balada de Veron cai no colo de Leila Pereira e Abel Ferreira no Palmeiras

Assunto pode ter alguns entendimentos desde que o jogador não tenha faltado a compromissos no clube, como fez o atacante Jô, do Corinthians: ele será multado

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Gabriel Veron foi flagrado em uma festa em sua folga na semana em que o Palmeiras tem decisão na Copa do Brasil com o São Paulo. Seu time precisa vencer para se classificar para as quartas de final. Vale vaga, dá esperança de conquista e tem cota de R$ 3,9 milhões para quem passar. Veron não joga desde o começo do mês porque machucou o pé em casa, levou 11 pontos e aguarda pela recuperação. Enquanto espera, aproveita. O clube tratou de ouvir o atleta e aplicar as multas que cabem pelo regulamento interno.

O torcedor já se mostrou incapaz de entender esse tipo de comportamento dos jogadores do seu time. Para muitos, o atleta não tem o direito de curtir a vida em dias e horários de folga, como qualquer outro trabalhador. Não se tem notícia, por ora, de que Veron tenha perdido treinos ou deixado de cumprir suas tarefas pós-festa. O atacante Jô teve seu contrato rescindido pelo mesmo motivo. Estava em tratamento e abusou da balada quando seu time, o Corinthians, estava em campo. Ocorre que Jô não foi treinar no dia seguinte e, ao que parece, fez tudo de caso pensado. E já tinha aprontado antes.

Foto: Palmeiras Foto: Estadão

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Na visão do torcedor, a situação é grave por si só, e potencializa quando o jogador pisa na bola ao não aparecer para treinos ou tratamentos médicos no dia seguinte. Na atual conjuntura, é fácil para um jogador romper seu contrato. Basta ele aparecer em festas e pedir para alguém filmar e colocar nas redes. Os clubes se encontram, em sua maioria, reféns da ira de seus torcedores contra treinadores e jogadores. A torcida grita alto e os dirigentes se ajoelham. Veron leva para o Palmeiras um problema que o clube não tinha. Terá de resolver. Vai multá-lo. Os primeiros passos vão seguir os protocolos. Ele terá de se explicar e confirmar a veracidade dos fatos.

Leila Pereira e o técnico Abel Ferreira têm sido bons 'resolvedores' de problemas, sem nenhuma disposição para empurrar a sujeira para debaixo do tapete. Falam e agem na lata. Abel tem decisão imediata para não perder o grupo ou deixar qualquer mal entendido sobre o caso. Pode, simplesmente, achar que o jogador não feriu nenhum tipo de conduta por estar em sua hora de lazer. E apenas seguir os protocolos. Vai fazer um discurso como paizão, já conhecendo um pouco do comportamento dos 'palmeiristas'. Tomara não sobre para a imprensa, como costuma acontecer.

Leila tem uma missão mais institucional, de modo a não deixar que o caso ganhe contornos maiores do que ele merece ou representa no Palmeiras. Pode tomar decisões, mas se elas acontecerem, serão mais a longo prazo, mais ou menos como foi com Patrick de Paula, vendido ao Botafogo. Sua função é apagar o incêndio. Apesar de se valer de Veron, o atacante não é titular e sempre teve problemas de contusão. Isso pode explicar porque nunca se firmou na equipe. Ele despontou como uma grande promessa, mas logo perdeu terreno.

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Há muito espaço para discutir o assunto. E não se pretende aqui apontar caminhos certos ou não tão certos assim. O ponto é saber como as partes envolvidas pensam o tema. Ambos, treinador e presidente, podem ainda entender que "está tudo normal" e que nada muda na companha do time nesta temporada, apesar da punição. A imagem do time e do clube não pode ficar arranhada. O Palmeiras lidera o Brasileirão, define nesta quinta seu futuro na Copa do Brasil e faz o mesmo na Libertadores a partir de agosto, diante do Atlético-MG.

Veron também não se manifestou nas redes sociais. Ele sabe seu lugar no clube e diante dos torcedores. Terá de enfrentar essa ira que boa parte da torcida tem ou já teve em casos semelhantes. Prefiro ensinar do que condenar, principalmente quando o atleta ainda tem 19 anos. Isso independe dos trâmites normais dentro do Palmeiras. Há regras para serem seguidas.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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