Robson Morelli
22 de julho de 2011 | 21h03
O Inter não teve paciência com Falcão, um dos melhores jogadores que o clube formou em sua história. Bastou amargar três derrotas seguidas para demitir o treinador que deixou a TV Globo para voltar a trabalhar à beira do gramado. Paciência virou artigo de luxo no futebol brasileiro, em todas as categorias e divisões. O exemplo da Seleção Brasileira é o mais recente, mas este ainda tem uma desculpa porque o técnico (Mano Menezes) pode escolher os melhores jogadores do País. No clube não é assim.
Um elenco tem de tudo durante uma temporada, de pernas de pau a jogadores medianos, alguns bons de bola, raríssimos craques. Era o caso do Inter de Falcão: um grupo mediano que não deve em nada para outros do Campeonato Brasileiro. Mesmo assim decidiu-se pela troca. O Rei de Roma ficou 99 dias no cargo.
Sempre achei que demissão de técnico é recibo de incompetência de diretorias. Claro. Porque quando ela contrata, o cara é o melhor do mundo. Mas depois de meia dúzia de rodadas se o cabra não emplaca algumas vitórias vira lixo.
A pressão vem de todos os lados, inclusive de quem contratou, e aí não há dirigente macho o suficiente para segurar no cargo um técnico nessas condições. É tudo frouxo.
Parece que existe uma necessidade de dar resposta ao torcedor. E ela sempre vem em forma de rescisão de contrato do comandante. Ele é sempre o culpado. O mesmo aconteceu com Paulo César Carpegiani no São Paulo, com Adilson Batista no Atlético Paranaense e com outros tantos que já perderam o emprego este ano. É a conhecida, e condenável, dança das cadeiras.
Sou pela regra de que treinador demitido não pode disputar o mesmo campeonato por outra equipe. Assim, o time que resolve trocar de técnico não pode buscar opção dentro do torneio que está disputando. Vai ter de partir para divisões menores ou exterior.
Dane-se! Quem sabe assim é feito um planejamento de verdade.
Essa necessidade de vencer a qualquer custo acaba maltratando o futebol. Somente um técnico com mais tempo no cargo pode melhorar a qualidade de um time, conhecer os jogadores e saber o que eles são capazes de fazer em campo. Mas para que isso ocorra é preciso ter paciência.
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