Encontrei e entrevistei Platini certa manhã no centro de mídia do evento, onde jornalistas do mundo todo se encontram para celebrar o maior evento de futebol do mundo. Era bem cedinho. Não tinha para onde ir, havia perdido o sono e resolvi "abrir" o local. Platini teve talvez o mesmo problema de insônia. Nos encontramos e falamos em italiano. Ele jogou na Juventus. Eu estudava italiano.
Imagina a emoção de um repórter em começo de carreira entrevistar o grande Platini, craque francês e do mundo. Ele era o que havia de melhor no futebol, ou um deles. Platini está na minha lista dos principais jogadores do planeta de todos os tempos. Ele dizia que a Copa da França não seria tradicional, não seria uma Copa da Coca-Cola, mas da champanhe. Brasileiro é sempre bem trabalho nessas ocasiões. O Brasil era o atual campeão do mundo, título ganho em 1994, por Parreira e seu time, nos Estados Unidos. Cubro Copa desde 1994, algumas na redação, outras tantas in loco.
De lá para cá, meu apreço a Platini só fez desmoronar. O jogador excelente, camisa 10, virou um dirigente que se descobriu depois estar metido em falcatruas para ganhar dinheiro não legal. Caiu em desgraça, arrolado como tantos outros com os mandos e desmandos da Fifa de Blatter. Perdeu o encanto. Foi afastado. Obrigado a deixar o futebol. E agora releva a manipulação no sorteio daquela Copa para que França e Brasil só se enfrentassem na final, como, de fato, ocorreu, com vitória da seleção de Zidane sobre a seleção de Ronaldo.
É mais uma estocada no coração do grande torcedor de futebol, aquele que, como eu, ainda se recusa a entregar os pontos, que gosta de ver uma boa partida seja ela na várzea, no profissional ou numa Copa do Mundo. Uma pena que meu ídolo francês tenha agido dessa maneira. Pena mesmo.