Tite tem muito trabalho para fazer na Rússia, e pouco tempo para isso. Contra a Costa Rica, depois de 90 minutos martelando o rival e tentando de todas as formas ao menos um golzinho, consegui a vitória nos acréscimos graças a um biquinho de Phillipe Coutinho. Teve outro gol depois de Neymar, quando a Costa Rica estava desmontada. O Brasil foi melhor do que a primeira partida contra a Suíça, e o adversário também era mais fraco. Mas o jogo não pode ser resumido nesses 2 a 0. Neymar foi melhor, mas ainda joga pressionado. Só ele saberá explicar o que foi aquele choro sentado no meio do campo após o jogo. Lágrimas de quê? De felicidade pela vitória e pelo gol? Pela melhora do Brasil na chave? Por estar em uma segunda Copa? Por emoção? Pelo alívio da tensão? Por que ele tem esse direito depois de tudo o que aconteceu em sua carreira nos últimos três meses? Ou por que ele simplesmente é humano?
Só ele dará luz à isso. Uma coisa é certa: não é o mesmo choro de Thiago Silva de 2014. Primeiramente porque Neymar não é disso. Ele trabalha desde os 14 anos com pressão, nem sempre a mesma, mas com vários tipos de pressão. Foi forjado para ser grande. Ainda tem um caminho para percorrer na seleção, mas nos clubes, já é esse gigante. Era no Santos. Era no Barcelona. É no Paris Sainte-Germain. O choro tem um sentido. Particular. De direito até. E isso não vai ter consequências negativas. O Brasil ficará mais leve.
Mas não acabou. Tite tem de lapidar a finalização do time. Encorajar mais Paulinho. Falar com Willian. Dar tranquilidade a Jesus. O time ainda não mostrou tudo o que sabe nem pode. Estou certo disso. O brasileiro está certo disso. Se alguém tinha dúvidas se a Copa pegou no Brasil, não tem mais. O futebol que esperamos da seleção ainda não apareceu. Vai aparecer? Acredito que sim. Já foi melhor, com mais repertório ofensivo, com mais jogadas pela direita, com mais chutes a gol. com mais vontade até.
A bem da verdade, a bola demorou para entrar. Só isso. Mas o Brasil teve oportunidades. Teve bola na trave e bons arremates. Sabíamos que quando a bola entrasse, a primeira, seria tudo diferente, como foi, de fato, já nos acréscimos. Sofrer faz parte inclusive do discurso dos próprios jogadores. É Copa do Mundo!!!
NA BRONCA Neymar tem de falar menos em campo. Foi duramente repreendido pelo juiz, com gestos que todos entenderam no estádio. E ele não precisava fazer suas firulas depois do primeiro gol do Brasil. Não precisava.
VAR O juiz tomou a decisão certa de ter anulado o pênalti. Não foi mesmo. Agora, o que fica é a dúvida se o árbitro da outra partida não poderia ter olhado o monitor também, nos lances de Miranda e Jesus, embora defenda que não houve nada naquelas jogadas. Poderia ter olhado. Seria mais justo, só para usar uma expressão da moda na arbitragem da Copa do Mundo.