Ocorre que esse jogo já está marcado por outro motivo. Refiro-me à renúncia do lateral gremista Mário Fernandes ao chamado de Mano. A ousadia, ou qualquer outro nome que queiram dar à decisão do atleta, requer mais discussão do que propriamente uma condenação. Quem nunca pensou em largar tudo que atire a primeira pedra.
Mário Fernandes não é jogador da Seleção. Tem potencial para se firmar nesse grupo ou em outros se assim desejar, se nada de ruim lhe acontecer na carreira, jovem que ainda é. Atendeu, por exemplo, ao chamado da primeira partida contra os argentinos. E aí começam as especulações. Ele não teria se adaptado ao elenco, à forma de trabalho de Mano, à presença de alguns jogadores... Pode ser.
Há episódios em sua vida que podem ser relacionados ao pedido de dispensa. Podem, mas não são necessariamente respostas para sua desistência. Falta de personalidade ou excesso dela? Lembram da confusão que Leonardo fez ao deixar a Seleção na Copa América de 1999? Fato até hoje mal explicado, a não ser pela conclusão de que o jogador queria e não tinha a braçadeira de capitão.
O garoto se disse envolvido com o Grêmio, com alguns problemas pessoais, com sua vida longe da Seleção e das pessoas que a formam nesse momento. É legítimo não querer estar aonde não se sente bem. Pode haver transparência maior nos dias de hoje que assumir vontades individuais em detrimento de causas coletivas?
Há uma série de outros jogadores que já fizeram o mesmo, alguns por acharem que o dever já estava cumprido, como Pelé depois de 1970, outros que não deveriam sequer começá-lo. Existe ainda, nesse episódio todo, o fato de a convocação de Mário Fernandes ter acontecido somente porque o jogo não é em data Fifa. Se fosse, ele poderia nem passar perto do time de Mano.
Coluna publicada no JT desta quarta-feira