O dirigente, que já havia pulado fora de suas funções na Fifa, pediu licença de 150 dias do comando da CBF para o que ele chamou de 'cuidar de sua defesa' em relação às acusações em que poderá virar réu na justiça. Neste fim de temporada, parece claro que o futebol brasileiro está acuado e sem comando, que a CBF não sabe o que fazer e que seu presidente já não tem mais condições de liderar nem mesmo entre os seus. Del Nero também é alvo da CPI do Futebol, comandada pelo senador Romário, seu desafeto declarado.
A hora é de mudanças. Esse foi o sinal vindo dos campos. O Brasil perdeu mais de um anos após a surra sofrida da Alemanha por 7 a 1 na Copa do Mundo. De lá para cá, pioramos dentro e fora de campo. Nada foi feito de positivo. Essa mudança passa necessariamente por uma reformulação na CBF. Detalhe: não me refiro a uma troca simples de comando, talvez por indicação dos que estão pulando fora do barco nesse momento em que a água sobe pelo convés. É hora de uma tomada de comando, dos clubes e dos jogadores, dos homens de bens e honestos, dos profissionais que estejam a fim de construir um futebol brasileiro melhor, de rompimento com tudo o que está aí de errado. O que os jogadores fizeram ao cruzar os braços foi um pedido de socorro. Querem começar 2016 diferente.
Os Campeonato Estaduais já estão tentando fórmulas novas e posições mais duras contra quem sempre comendou o futebol regional. Rio e São Paulo tendem a romper com suas federações, ou negociar melhor e se fazer e sentir mais representados. Da mesma forma, a Liga Rio-Sul-Minas está nas ruas, como disse seu presidente Alexandre Kalil, ex-Atlético-MG. Imagino que depois dessa, desses 15 segundos de braços cruzados pedindo a cabeça de Del Nero, mais ações venham por aí.
Novas eleições, novo estatuto, novo comando. Tudo isso está na mesa. Esse foi o recado. O próximo passo, quem sabe, é recusar a seleção. Recentemente, na Venezuela, 15 jogadores também cruzaram os braços e disseram não aceitar mais convocações para as Eliminatórias enquanto o presidente da Federação de Futebol do país não pedir as contas. Imagina se isso acontecesse no Brasil? Nada contra Dunga e suas regras para se jogar no time nacional. Seria um gesto contra a CBF, que praticamente tem na seleção seu principal patrimônio. Imagina se um Neymar tomar essa atitude, dentro de tudo o que ele representa para o futebol brasileiro e mundial? O futebol brasileiro começa a respirar ares diferentes e mais puros com essas manifestações, o que nos faz pensar e acreditar num 2016 melhor para tidos, mas principalmente para o futebol.