Não há o que comemorar com a chegada de Abel Ferreira ao Palmeiras. O treinador português de 41 anos é uma aposta. Ele começou a trabalhar na função em 2017, no Braga, de Portugal, depois de passar por categorias de base e times B. Chamou a atenção do Paok, da Grécia, e mostrou total desprendimento com as coisas de seu país. Aceitou a oferta e assinou por três anos com o clube grego a partir de julho do ano passado. Mas foi seduzido agora pelo Palmeiras e pelo futebol brasileiro.
Havia uma multa no meio do caminho de 6 milhões de euros, quase R$ 40 milhões, mas ela foi negociada.
Abel Ferreira não traz títulos no currículo, mas traz esperança ao Palmeiras. Por enquanto, nada mais do que isso. E atende necessidade da diretoria de ter um comandante estrangeiro, seguindo a onda do momento e ajudando a 'enterrar' o trabalho de muitos técnicos brasileiros. Será o quinto treinador de fora a trabalhar no Brasileirão. Tem Sampaoli (Atlético-MG), Coudet (Inter), Domènec (Flamengo) e Sá Pinto (Vasco).
Ele nunca ganhou nada. De 2017 para cá, quando assumiu elencos principais, nem bater na trave, bateu. São quatro anos apenas, com mudanças de clubes e de país. É um treinador em formação. Seu estilo de montagem de equipes privilegia o 4-2-3-1, muito usado no futebol mundial, com os tradicionais quatro defensores, dois volantes marcadores, três homens no meio de campo que podem abrir espaço pelas laterais e um atacante fazedor de gols.
No papel, não é diferente do que o Palmeiras vem apresentando, embora o time prefira jogar com pontas abertos, Rony e Wesley.
A nacionalidade de um técnico não pode ser determinante para o seu sucesso. Isso precisa ficar claro para a diretoria do Palmeiras. Dos profissionais contatados nas duas últimas semanas, ele é o mais inexperiente, o que não significa que não possa dar jeito no Palmeiras e seguir os passos do compatriota Jorge Jesus em seu sucesso no Flamengo. Tem como exemplo também Jesualdo Ferreira, que não é seu parente e teve passagem curta e modesta no Santos.
O futebol brasileiro já teve outros técnicos estrangeiros. Só o Palmeiras já teve 19, como Filpo Nuñez (Argentino), Humberto Cabelli (Uruguaio), Caetano de Domenico (Italiano) e Ricardo Gareca (Peruano). A necessidade de ter um forasteiro é momentânea no futebol do Brasil porque os técnicos daqui não vivem boa fase, têm seus trabalhos questionados e não conseguem atender o desejo dos torcedores, de mostrar um futebol mais ofensivo e bonito. Muitos batem cabeça e se arrastam. Muitos que já foram grandes se apequenaram. A vez é dos estrangeiros.