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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Para manter o futebol no Estado, a FPF propôs parar A2 e A3 e criar 'bolhas' para os times em hotéis no período

Ministério Público e governo mantêm decisão de parar jogos até o dia 30; entidade esportiva vai levar partidas para outros Estados

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

A FPF tentou formar uma "bolha" para os times em hotéis durante o Paulistão para que as partidas fossem realizadas e respeitassem os locais de mandos. Isso dentro do período da fase emergencial no Estado de São Paulo no combate à covid-19, que vai até o dia 30 com possibilidade de se estender. Também foi proposto ao governo e ao Ministério Público a redução das disputas da A2 e A3, contabilizando 56% das partidas no calendário enquanto a determinação do governador estiver valendo. Mesmo assim, não conseguiu sinal verde. Os jogos de futebol continuam paralisados no Estado de São Paulo.

 Foto: Estadão

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Assim, a FPF vai combinar com os 16 clubes da A1, que são pela permanência do torneio, para que seus respectivos jogos sejam realizados em outros Estados, como em Minas Gerais, que entra nesta semana na fase roxa também, mas sem restrições aos jogos de futebol. O governador Romeu Zema decretou que todo o Estado de Minas entrará a partir de quarta-feira na onda roxa para o enfrentamento da doença. Mas isso não vai implicar na paralisação do Campeonato Mineiro.

Para levar os jogos para outros Estados, a Federação Paulista terá de ajudar os clubes financeiramente para deslocamento e estadia. Há uma discussão sobre parar ou não o futebol em São Paulo. Isso será detalhado em reunião na tarde desta terça. O Paulistão te data para acabar: 23 de maio. Veja a nota oficial da FPF após suas reuniões desta segunda-feira.

NOTA OFICIAL DA FPF

A Federação Paulista de Futebol comunica que se reuniu nesta segunda-feira (15) pela manhã com o Governo do Estado de São Paulo e, à noite, com o Ministério Público Estadual para tratar da paralisação do esporte na Fase Emergencial. Nos dois encontros, a FPF apresentou um estudo e uma proposta baseada em critérios médicos e científicos, que embasavam o pedido de liberação parcial do futebol neste período, com menos jogos, menos pessoas envolvidas, testes antes e depois de cada partida e uma "bolha de segurança" para atletas e comissões técnicas. Para conhecimento público, abaixo listamos os argumentos:

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1-  Assim como os restaurantes, que estão impedidos de receber clientes em seus salões e têm funcionado com sistema de delivery, o futebol segue sem público nos estádios, entregando ao torcedor, na sua casa, os jogos por meio de transmissões. No entanto, o futebol é a atividade econômica que possui um rigoroso e inédito protocolo de saúde, com testagens semanais de seus colaboradores e acompanhamento médico diário. Com a paralisação, mais de 3.000 atletas, membros de comissões técnicas e funcionários das agremiações param de ter esse controle médico;

2- O rígido controle faz com que o futebol tenha uma taxa de positividade de 2,2% --15 vezes inferior à taxa do Estado de São Paulo e menor do que a metade do que o número recomendado pela OMS para controle da pandemia (5%). E, como a grande maioria dos atletas que contraíram COVID-19 são assintomáticos, esta testagem ativa permite identificar e isolar imediatamente o profissional, evitando a contaminação de mais pessoas;

3- Na apresentação de quinta-feira (11/3), em que anunciou a Fase Emergencial, o Governo do Estado de São Paulo utilizou um slide em que citou como exemplo países que adotaram medidas restritivas. Em nenhum dos países listados pelo Governo, o futebol foi paralisado na segunda onda de COVID-19, o que demonstra que não há qualquer referência científica internacional que embase a decisão de paralisação do futebol para combate à doença;

4- A partir do anúncio da paralisação do futebol, a FPF estudou alternativas e elaborou, com base em dados científicos, um protocolo ainda mais rigoroso para proteger atletas, comissões técnicas, árbitros e os profissionais do futebol. O documento prevê a redução de 56% da quantidade de partidas disputadas no período da Fase Emergencial, com a suspensão temporária da Série A3 e parcial da Série A2 do Campeonato Paulista --a Série A1 teria seus 24 jogos realizados. Para assegurar ainda maior segurança aos profissionais, o novo protocolo criava novamente o conceito de "Bolha de Segurança", com todas as delegações testadas e isoladas em hotéis ou centros de treinamento até o fim deste período. Sem qualquer contato externo, os clubes se deslocariam apenas para os estádios (totalmente desinfetados) e retornariam para seus alojamentos, com testagens antes e depois das partidas. Além disso, o número de profissionais de operação de jogo nos estádios seria reduzido em 70%, com um esforço coletivo de comunicação para conscientizar torcedores da necessidade do isolamento social. 

A FPF esclarece que, embora todas as medidas tenham sido bem recebidas pelo Governo de São Paulo e pelo Ministério Público, o pleito foi rejeitado sob argumentos que fogem de qualquer conceito médico e científico já visto mundialmente no combate à COVID-19. Nesta tarde (16), a FPF e os clubes das Séries A1, A2 e A3 se reunirão novamente para discutir as medidas que serão tomadas, garantindo a conclusão das competições em suas datas programadas.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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