Da mesma forma, entendo que esse 'crescimento' que todos na comissão técnica pregam no decorrer do torneio não vem se traduzindo em futebol bem jogado. Pegue a atuação de Oscar contra o Chile, nesse sufoco que o Brasil passou em Belo Horizonte. O meia do Chelsea não jogou nada, ficou preso do lado direito, seguindo ordens táticas, que também reconheço serem importantes, mas esteve longe de criar, tabelar, chutar, driblar. De modo geral, todos se comportam dessa maneira na seleção. Todos jogam taticamente, com funções definidas, mas extremamente amarrados em seus deveres. E não vejo o futebol como um esporte mecânico, como tem sido o Brasil nesta Copa.
Cadê a nossa ginga? Onde estão os dribles? Não há tabelas inteligentes, bonitas, jogadas de linha de fundo, passes no meio de campo e lançamentos clássicos, embora David Luiz, sempre ele, tem feito essa ligação com alguma eficiência. O torcedor sente falta de jogadas mais abusadas. Tirando Neymar, ninguém mais é capaz de fazer lances desse tipo. Esse Brasil ainda não mostrou ser melhor que nenhum outro Brasil de Copas do Mundo. Tem Neymar, mas ele é único. Joga por uma bola certa dos companheiros, que contra o Chile não veio.
Arrisco a dizer que essa equipe ainda está atrás, em termos de qualidade e futebol, da equipe de Dunga, aquela da África do Sul, que caiu diante da Holanda nas quartas de final. Em comum, os dois times chegaram entre os oito melhores da competição. Mas até aí, todo mundo sabia que o Brasil, tanto de 2010 quanto esse de 2014, passaria em primeiro na etapa de grupo. O que não se imaginava era uma decisão nos pênaltis, com bola na trave chutada na trave brasileira na prorrogação e muito sofrimento, já nas oitavas, como foi no Mineirão.
Entendo toda a dramaticidade do confronto com os chilenos, o primeiro de um time jovem, com alguns bons jogadores, como é a seleção, mas confesso que a apresentação do Brasil, tirando todo o seu componente emotivo e a alegria da classificação nos pênaltis, gerou mais dúvidas do que certezas em Belo Horizonte.