Ryan Lochte prestou um serviço aos brasileiros, e ao Brasil particularmente. Deveria ser agradecido por isso. Por vias tortas, e mentirosas, o nadador dos Estados Unidos e seus outros comparsas do time norte-americano mostraram ao mundo que no Rio de Janeiro, apesar de tudo, tem gente competente, honesta e disposta a contar a verdade. Isso é muito bom porque o estrangeiro, não todos, que ainda acha que a capital do País é Buenos Aires vai conhecer o Brasil de modo melhor, com suas instituições legais, investigações e polícia. Os brasileiros até podem falar mal de tudo o que está por aí nesse momento, mas o forasteiro não. Até porque, geralmente, ele tem uma imagem desfocada da nossa realidade.
Há quem aposte que por essas terras há macacos soltos nas ruas e cobras e outras animais perambulando, livres e disputando espaço com os homens. Ryan Lochte talvez fosse um desses. Achou que pudesse inventar uma história qualquer para se livrar da verdade de uma noitada, comum aos jovens e mais ainda aos jovens famosos, porque o "Brasil é uma bagunça e tudo é permitido por essas bandas" (são palavras minhas). Mas se enganou. Foi pego na curva. Não havia nada de roubo ou de perigo à integridade dos nadadores, fez o Comitê dos EUA pedir desculpas de joelhos e ele próprio, depois do arquivamento do processo, que impediria seus colegas de deixar o País, se desculpou por seu comportamento de moleque.
Foi talvez o grande mico dos EUA nos Jogos Olímpicos. Sim, aqui é o Rio, mas a bandeira do COI esteve sobre a cidade durante todos os dias de competição. Lochte não só tentou humilhar o País-sede, mas toda a família do Comitê Olímpico Internacional. O Brasil carrega mutos pecados, mas não esse de Ryan Lochte. O mundo sabe agora que nem tudo é permitido no Brasil. Há, sem dúvida, uma 'desordem' minimamente organizada em tudo o que fazemos.
O COI, que já aceitou as desculpas do nadador, poderia muito bem lhe aplicar uma punição. Só para servir de exemplo para as próximas competições olímpicas, em Tóquio ou em qualquer lugar do mundo.