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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Se tiver jogo nesta terça, o jogador assume de joelhos sua submissão aos dirigentes de clubes e de federações

Horas depois de admitir a paralisação do Paulistão até dia 30, FPF manda dois jogos (Palmeiras x São Bento e Corinthians x Mirassol) para Volta Redonda sem aviso prévio; distância de São Paulo é de 320 quilômetros

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Virou bagunça! Horas depois de a Federação Paulista de Futebol e os clubes anunciarem que vão cumprir as regras do governo de São Paulo e parar o Estadual, a mesma FPF, comandada pelo presidente Reinaldo Carneiro Bastos, armou para fazer duas partidas em Volta Redonda. Rio, em rodada no mesmo estádio. Jogariam na cidade a 320 quilômetros de distância da capital Palmeiras x São Bento e Corinthians x Mirassol. Se isso de falto acontecer, o futebol de São Paulo perde todo o respeito e os jogadores assumem sua condição de servos dos clubes e das próprias entidades esportivas.

Foto: Divulgação FPF Foto: Estadão

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Não espero nada das instituições esportivas, de nenhuma, mas confesso que tinha esperança nos atletas, donos do espetáculo, principal estrela de uma partida de futebol. Se eles subirem nos ônibus para pegar estrada, estarão assinando sua volta aos tempos em que eram "escravos" dos clubes, na época do passe, banido do futebol há anos pela Lei Pelé. Se jogarem, cairão no fundo do posso. Serão apontados como fracos por muitos anos depois. Entrarão para a história como uma geração pobre, para dizer o mínimo. Seus feitos até hoje serão esquecidos e sempre vão se lembrar deles como "aqueles que aceitaram jogar na pandemia" e foram subservientes do comando. Bundões!

Isso sem falar que todos correm risco de ser contaminados pela covid-19, que já atinge homens e mulheres de 20, 30, 40 anos sem distinção. São esses que estão lotando os hospitais e as UTIs. Os jogadores podem ainda dizer não. Podem ser melhores do que simplesmente subir no ônibus e calçar as chuteiras. Se fizerem isso, entrarão para a história de outra forma. As notícias já foram tomadas pelos clubes e pela Federação.

Não há contrato em meio à pandemia que obrigue o jogador a jogar. A saúde está em segundo plano. Ficou mais do que claro isso. Esta turma que manda faz tudo por dinheiro. O futebol não está imune ao covid-19. Vão agir dessa maneira até que o primeiro jogador morra da doença, como milhares de outros brasileiros. Se esses jogos acontecerem, será a maior vergonha do futebol de São Paulo. A maior vergonha para esses dirigentes e presidentes de clubes. A maior vergonha para os jogadores.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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