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Opinião|Tiago Nunes desce um degrau e com ele leva toda a categoria de treinadores de futebol

Técnico aceitou a 'faca na garganta' da diretoria do Grêmio após a sequência de derrotas e nada fez depois de ter a morte anunciada

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Tiago Nunes desceu um degrau na profissão. Com ele, levou toda a categoria ao aceitar o ultimato da presidência do Grêmio sobre sua demissão. O presidente Romildo Bolzan colocou o treinador contra a parede na rodada anterior, ao dizer a ele que se não vencesse seria demitido, como aconteceu após a derrota do time para o Atlético-GO por 1 a 0. Tiago tinha opções. Ele poderia ter pego ali mesmo seu boné e dito que a situação era insustentável e que não aceitaria ser refém de dirigente. Ninguém consegue trabalhar dessa maneira, com a faca na garganta: se não ganhar, será demitido. Profissional nenhum deveria aceitar tal condição.

 Foto: Estadão

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Foto: Grêmio

O Grêmio lançou uma nova forma de triturar treinador. Todo o respeito que o clube teve com Renato Gaúcho durante cinco temporadas não teve com Tiago em alguns meses. Romildo deu uma de 'sincerão', mas não se deu conta de ter 'matado' o treinador do seu próprio time antes mesmo da partida derradeira. Isso não existe. Tiago estava na forca e foi só chutar o banquinho.

Não sou nem tão fã assim de Tiago Nunes. Penso que ele é treinador de time médio do futebol brasileiro. Não deu certo no Corinthians nem no Grêmio, que amarga cinco derrotas em sete jogos no Brasileirão. Não venceu ainda. Ele tem a mesma condição de Hernán Crespo no São Paulo. Ganhou o Estadual e não consegue jogar bem no Nacional.

Com sua decisão de ficar até o último respiro, Tiago humilhou a categoria de treinadores. Deveria ter se dado ao respeito. É um profissional acima de tudo. Poderia até ficado, como ficou, mas anunciado ele que aquele seria seu último jogo. Seria mais honroso. Tiago não percebeu que nunca teria paz para comandar o clube de Porto Alegre.

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Apesar de tudo, ele é refém da forma amadora dos dirigentes do Grêmio. A diretoria escolheu o técnico e não teve convicção de segurá-lo no cargo, diferentemente do São Paulo, que aposta em Crespo e em uma retomada (vou bater na madeira para não ser desmentido). Se a categoria de técnico fosse mais unida e um não quisesse pegar o trabalho do outro, esse tipo de atitude não aconteceria no futebol brasileiro. Fosse um movimento respeitado, nenhum outro aceitaria o cargo de Tiago nos próximos três meses. Não sou mais tão contrário à demissão de treinador porque a safra é muito fraca no Brasil. mas não abro mão do respeito ao profissional.

O Grêmio fez feio nesta história. E Tiago Nunes aceitou.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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