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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Um primeiro passo para times mistos de futebol foi dado nesta semana na Holanda

Uma garota de 19 anos foi autorizada a jogar com os meninos na 9ª divisão, abrindo brecha para a ideia crescer no país em torneios mais relevantes

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O primeiro passo foi dado para ter times mistos de futebol. Por enquanto somente na Holanda e em categorias amadoras, com crianças e adolescentes. Foi dessa maneira que a garota Ellen Fokkema, de 19 anos, conseguiu o direito de participar de campeonatos oficiais ao lado de seus amigos do sexo masculino. A Federação Holandesa de Futebol vai acompanhar de perto essa experiência, já pensando num futuro em que, talvez, homens e mulheres possam jogar futebol juntos. Digo futebol competitivo, porque isso já acontece em muitas escolas, condomínios e times amadores, como a equipe mista na periferia de Paris (na foto) chamada FC Fleury 91.

 

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É um caminho longo até bater na porta Fifa. Mesmo depois de a discussão entrar na entidade máxima do futebol, não será fácil convencer seus falcões a mudar as regras. Quem faz as regras do futebol é a International Board, que se reúne regularmente para sugerir e aprovar novas formas do jogo. A mais nova delas diz respeito à utilização de cinco trocas nas partidas por causa da pandemia e da possibilidade de ser expulso se tossir no companheiro de campo, caso o juiz entenda que houve sacanagem em meio à covid-19.

O tema de times mistos não é novo. A Fifa vai e vem sobre esse assunto quando acionada. As federações de futebol espalhadas pelo mundo, associadas à Fifa, têm leis próprias em seus campeonatos e poderiam implementar o time misto como faz a Holanda. Até hoje, nenhum país avançou nesse sentido.

Há uma discussão recorrente sobre o porte físico dentro de campo de homens e mulheres. O biotipo masculino leva vantagem. Ou levaria. Imagine uma disputa de bola entre Felipe Melo e uma mulher? Esse tema deve fazer parte de qualquer discussão nesse sentido. Crianças e adolescentes dos dois sexos são mais parecidos fisicamente, mas chega um idade nesse processo de crescimento que os meninos espicham e se tornam mais fortes. Não são todos. Neymar, por exemplo, é um jogador "raquítico", que se impõe pela técnica e habilidade.

E há ainda toda a constituição corporal feminina, como respiração, velocidade e força. O tema é complexo. Os números de outras modalidades em que o esporte é praticado separadamente, como tênis e atletismo, por exemplo, apontam diferenças nas marcas obtidas por homens e mulheres. No tênis, o jogo é mais lento. No atletismo, as mulheres precisam de mais segundos para correr a mesma distância dos homens. Que fique claro, no entanto, que isso pode mudar de atleta para atleta. Tudo parece aberto nesse momento no mundo. Daí a intenção da Federação holandesa de unir uma garota de 19 anos ao time masculino. E ver o que dá.

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O fato é que o tema está na mesa. Haverá pessoas importantes defendendo cada um dos lados sem, necessariamente, estarem certas ou erradas. Existe ainda uma terceira via, que é organizar campeonatos mistos, sem detrimento das disputas femininas e masculinas já existentes. Os clubes poderiam muito bem formar equipes mistas e as federações poderiam muito bem organizar torneios de uma nova modalidade do futebol.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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