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Em BH, gregos sentem-se ainda mais em casa

Entre as décadas de 1950 e 1960, cerca de 30 mil gregos vieram para o país; 80 famílias moram em MG

Por Seleção Universitária
Atualização:

Kyriacos Mavrudis (à esquerda) jogando gamão com seu amigo Phillipos Xenos (à direita) na comunidade grega (Aline Peres/Divulgação) Foto: Estadão

 

Gabriel Gama - especial para O Estado de S. Paulo

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BELO HORIZONTE - Berço do teatro, da democracia e da filosofia, a Grécia também tem uma história rica com o esporte e a prova maior desta forte relação são os Jogos Olímpicos, criado por eles ainda no século VIII a.C. Por isso, não é à toa que o vínculo do país com o futebol não seja diferente disso. As cerca de 80 famílias que compõem a comunidade helênica em Minas Gerais (60 em Belo Horizonte e 20 espalhadas no interior) aguardam com expectativa a chegada da seleção grega na capital mineira para o jogo de abertura na Copa do Mundo - a Grécia estreia contra a Colômbia no dia 14 de junho, no Mineirão, às 13h, em jogo válido pelo grupo C.

A primeira geração de imigrantes gregos que vieram morar na capital mineira está na faixa dos 80 anos, como é o caso do vice-presidente da comunidade, Kyriacos Aristides Mavrudis, 83. Ele foi um dos trabalhadores que sofreram com o período Pós-Segunda Guerra Mundial e com a Guerra Civil, transcorrida entre os anos de 1946 e 1949. Neste período, o país entrou em um colapso ideológico, protagonizado pela luta entre as correntes capitalistas e comunistas.

Influenciado pelas propagandas ufanistas que a embaixada brasileira divulgava na Grécia, Mavrudis viu a possibilidade de uma vida estável no Brasil e estava convicto de que era a melhor opção para ele e sua esposa. Cinco anos depois, os dois embarcaram de navio rumo às Américas em uma viagem que durou cerca de 20 dias.

"Meu pai não esquece do dia em que viu um cartaz na Grécia com uma imagem de baianas segurando tabuleiros com comidas deliciosas em uma praia linda da Bahia. Vivendo em um país destroçado, sem expectativas, quando ele viu aquilo, não acreditou. Era atrativo demais", conta a filha e atual presidente da comunidade helênica no estado, Sula Mavrudis, 57. Ela afirma que o pai é apaixonado por futebol e que sempre presenteia os membros de sua família grega com camisetas de times brasileiros.

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Atualmente, Mavrudis é aposentado, mas está na ativa trabalhando na BHTrans. "Amo o Brasil e pretendo morrer aqui. Gosto demais do país, muito por causa do espírito hospitaleiro do brasileiro", afirma o grego, que chegou ao País como eletricista.

A maioria dos imigrantes gregos que moram em BH abriram comércio na época que chegaram, como oficinas mecânicas, elétricas, comércio de roupas e sapataria.

Quem optou pela alternativa do mercado varejista é Constantino Terzis, 65, dono de uma sapataria no centro de BH. "Eu vim para o Brasil de navio em 1969. Meu tio já morava em Belo Horizonte e me chamou para trabalhar na fábrica de bolsas dele. Quando saí do exército grego, fiz um curso de corte de couro, porque era uma das profissões que mais o Brasil importava de mão de obra. Com o passar do tempo, abri minha própria loja de calçados e fui ampliando. Até hoje, trabalho nela", relata Terzis, que se casou com uma mineira, tem 3 filhos e 5 netos. "Não tenho queixa daqui. Amo o Brasil", completa.

Terzis é um dos gregos que conseguiram ingresso para o jogo de abertura da seleção, contra a Colômbia, no Mineirão. Além dele, o empresário de ramo de tratores, Basilios Korres, 67, também verá o jogo. "Fiz de tudo para conseguir este ingresso contra a Colômbia. Estou torcendo muito para a minha seleção e estamos confiantes de que poderemos fazer uma boa Copa", afirma o mecânico.

Korres garante que ele é um dos maiores fanáticos por futebol da comunidade helênica de Minas Gerais. Vindo também de navio para o Brasil, Korres tinha apenas 9 anos e não sabia falar nada de português. "Dormia nas aulas da escola, porque não entendia nada do que a professora dizia. Só sabia falar 'muito obrigado' e 'bom dia'", relembra.

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Festas. Segundo Sula, brasileiros e gregos têm um ponto bem em comum: os dois povos amam festa. Os imigrantes gregos em BH costumam se reunir nas casas de membros ou em áreas de lazer para realizarem festas típicas. Os encontros costumam acontecer em datas especiais gregas durante o ano e são regradas de pratos de diversas regiões da Grécia e muitas danças.

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"Eles são muito emocionais e afetivos. As festas também costumam acontecer em sítios. Meu pai até tem organizado alguns em uma área de lazer para funcionários da BHTrans. Churrasco também não falta", conta.

A presidente da comunidade diz que está sendo organesizado um roteiro de visitas para um grupo de 40 pessoas da comunidade helênica de São Paulo que chegarão no dia do jogo da Grécia contra a Colômbia, em 14 de junho. O tour percorrerá os principais pontos de turísticos da capital mineira. "Alguns gregos de nossa comunidade já compraram ingressos para o jogo e se reunirão com outra turma que virá de São Paulo. Estamos organizando este roteiro para eles. Igrejinha da Pampulha e Mercado Central estão na programação", completa Sula.

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