Foto do(a) blog

O dia a dia dos alunos do Curso Estado de Jornalismo Esportivo

Espanhóis que vivem em Brasília ficam frustrados com a derrota

Torcedores se reúnem para assistir ao jogo, mas a festa deu lugar à decepção

PUBLICIDADE

Por João Lacerda
Atualização:

Espanhóis lamentam derrota para o Brasil (João Bosco Lacerda/Seleção Universitária) Foto: Estadão

João Bosco Lacerda e Lucas Vidigal -- Seleção Universitária -- especial para o Estado

PUBLICIDADE

BRASÍLIA - A noite foi de frustração para os 190 mil espanhóis que vivem no Brasil. Na capital do país, a comunidade ibérica se reuniu no auditório do Instituto Cervantes - instituição criada pelo governo espanhol para promover a cultura e o idioma do país - para acompanhar à partida final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha.

A expectativa antes do jogo era grande. Vestidos em vermelho, os 70 torcedores da Espanha no instituto estavam confiantes da vitória. "Vai ser difícil, mas vai acabar 2 a 1 para a Fúria com gols do Villa e do Iniesta", apostou Maria Ros, funcionária da embaixada espanhola. Ela é casada há um ano e meio com o brasileiro Rafael Ambrósio, que conheceu em Barcelona. "Independentemente do resultado, vai dar briga hoje em casa", brincou.

Quando o hino nacional espanhol soou no Maracanã e no auditório do Instituto Cervantes, a torcida da Fúria acompanhou a Marcha Real, sem letra, com gritos de incentivo à Espanha. "A por ellos, oé!", que em tradução literal significa "por eles!".

Pouco depois de o árbitro holandês Bjorn Kuipers apitar o início do jogo, Fred abriu o placar. Pega de surpresa, a torcida espanhola não esboçou reação em um primeiro momento, mas logo tornou a gritar as palavras de incentivo à Espanha. "Vai ser mais motivador aos jogadores, ainda espero vitória espanhola", apoiava Ana Reguillo, diretora de estudos do Cervantes.

Publicidade

Mesmo atrás no placar, o clima no auditório era o de um domingo em família. Pais e crianças brincavam e não perdiam o bom humor durante a partida. Salgadinhos e refrigerantes davam tom de confraternização entre os espanhóis.

Aos 15 minutos do primeiro tempo, a torcida da Espanha viu Arbeloa tomar cartão amarelo por ter supostamente derrubado Neymar. A reação foi de riso e indignação ao mesmo tempo. "Ele gosta de fazer um teatro, mas não acredito que isso vá dar problemas a ele no Barcelona", comentou Francisco Expósito, torcedor do Real Madrid, rival da equipe catalã.

Tensão espanhola

Com o passar do tempo, a partida tomava contornos emocionantes - assim como as reações dos espanhóis. Cada chance de gol dos dois lados era acompanhada de gritos nervosos da torcida da Fúria. Mas quando Neymar marcou pelo Brasil aos 43 do primeiro tempo, os gritos de apoio e otimismo à Espanha deram lugar a suspiros de preocupação.

Teve torcedor que preferiu sair do auditório. Juan Victor Monfort, funcionário da Delegação da União Europeia no Brasil, quis ficar longe do telão para se distrair e conversar com outros amigos. "A partida está bem tensa, mas a Roja ainda tem chances de virar o jogo pela capacidade da equipe", disse, ainda confiante.

Publicidade

No intervalo do jogo, o assunto era se ainda seria possível vencer o Brasil. Para o funcionário da embaixada espanhola David Saez, a Espanha não demonstrou a mesma força que conquistou duas Eurocopas e uma Copa do Mundo. "Eles precisam jogar e Iniesta deve fazer a diferença", afirmou.

 

Apesar da tensão, o casal Maria e Rafael manteve o bom humor (João Lacerda/ Seleção Universitária) Foto: Estadão

 

Porém, o terceiro gol brasileiro, no começo do segundo tempo, acabou com as esperanças espanholas no auditório do Instituto Cervantes. A expectativa foi por água abaixo de vez quando Sérgio Ramos perdeu um pênalti. Já conformados com a derrota, torcedores mais descontraídos cantavam gritos de apoio, com ironia. "Este partido, lo vamos a ganar", gritavam.

No final da partida, o casal Maria e Rafael mantinha o bom humor "O que vale é a Copa do Mundo em 2014", desdenhava Maria, logo rebatida por Rafael: "Essa é só a preparação para o hexa!"

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.