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O dia a dia dos alunos do Curso Estado de Jornalismo Esportivo

Festa para uns, trabalho para outros

Com 70 mil pessoas, evento em Brasília desagrada quem precisou trabalhar durante a madrugada

Por João Lacerda
Atualização:

 

Garis reclamam por ter turno trocado para depois da festa (João Bosco Lacerda/Seleção Universitária) Foto: Estadão

João Bosco Lacerda - Seleção Universitária - especial para o Estado

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BRASÍLIA - Com atrações como o cantor sertanejo Gusttavo Lima e a banda Asa de Águia, além da transmissão da cerimônia de abertura da Copa das Confederações e do jogo entre Brasil e Japão, a festa Brasília Joga Junto atraiu cerca de 70 mil pessoas para a Esplanada dos Ministérios, no centro da cidade.

Depois do evento, no entanto, muitos trabalhadores reclamaram do esforço extenuante que fizeram antes e depois do evento. 

Os garis são os que mais protestaram em relação às condições de trabalho.

Empregados da empresa Sustentare reclamam de ter o turno normal de sábado, das 17h até meia-noite, trocado por conta da festa. Como o evento acabou às 23h, os coletores de lixo tiveram de trabalhar das 22h até as 5h.

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De acordo com os empregados, que preferiram não se identificar, aqueles que reclamaram do horário receberam a resposta que, se não queriam trabalhar naquelas condições, deveriam ter estudado mais. 

Para os ambulantes, todo o trabalho não valeu a pena. Muitos acordaram cedo para montar as barracas e se preparar para os torcedores.

"Cheguei às sete da manhã e tive que carregar os produtos na mão por conta do bloqueio aos carros. Só devo sair lá para a uma da manhã de domingo", reclama Ivanilson Portela. 

A restrição à venda de produtos diminuiu o lucro dos camelôs. Alimentos podiam ser vendidos de acordo com a preferência de cada comerciante, mas as bebidas liberadas eram só as comercializadas pelos patrocinadores da Fifa.

" A cerveja que a gente podia vender custava R$ 5 e não era a preferida dos brasilienses. Empacou tudo", explica Portela. 

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Quem gostou da festa foi o catador Domingos Silva. Com quatro sacolas cheias de latas metálicas, conversou com a reportagem sem parar de andar.

"Vim para trabalhar com os meus irmãos, que são ambulantes, mas não encontrei a barraca deles. Aproveitei para ganhar algum dinheiro com as latinhas", disse o catador, que estima ter um lucro de R$ 150 a 200 com o que recolheu.

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