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Conversa de pista

Opinião|Um acidente anunciado

O histórico e o estilo de pilotagem de Lewis Hamilton e Max Verstappen não deixam dúvidas que um acidente como o que definiu o resultado do GP da Grã-Bretanha deste ano estava cada vez mais próximo.

Atualização:

Histórico de Hamilton e Verstappen indicava que isso iria acontecer

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O histórico e o estilo de pilotagem de Lewis Hamilton e Max Verstappen não deixam dúvidas que um acidente como o que definiu o resultado do GP da Grã-Bretanha deste ano estava cada vez mais próximo. O que caracteriza o estilo do inglês é uma visão estratégica de quando mostrar suas garras, algo que o holandês está pouco a pouco adotando após algumas temporadas de arrojo exacerbado. Mais além das consequências do contato físico entre os dois carros, a décima etapa do Campeonato Mundial de Fórmula 1 jogou luzes sobre algo que até tempos atrás era inadmissível: efetuar reparos nos carros durante a interrupção da corrida.

Para um jovem que desembarcou na F-1 aos 17 anos o amadurecimento mostrado desde meados do ano passado chega a ser surpreendente e ajuda a entender porque ele lidera o campeonato. O estilo agressivo de sua pilotagem, porém, não desapareceu por completo, apenas será visto com mais parcimônia. Na medida em que os adversários se conscientizem que não vale a pena se arriscar contra ele, o holandês encontrará menos situações críticas no seu caminho. Ao comandar de ponta a ponta os 100 km da novidade "Sprint Race" disputada no sábado, Verstappen se mostrou superior até certo ponto: Hamilton andou sempre perto do seu carro e teve a oportunidade de estudar onde poderia atacá-lo no domingo. Certamente isso ajudou em sua decisão de tentar a ultrapassagem logo no início da segunda volta e após um giro onde ambos andavam acima do limite e cometeram erros.

Lewis Hamilton sempre fez um tipo mais comedido, mas sem jamais deixar de ser combativo. O que deflagrou seu lado mais agressivo foi a antológica disputa que manteve com Nico Rosberg nas temporadas de 2015 e, principalmente, 2016, quando o alemão interrompeu sua sequência de seis títulos consecutivos. Os dois chegaram a colidir logo na primeira volta e toques entre ambos aconteceram várias vezes. O que diferenciava os dois era a maneira como cada um encara a vida: Hamilton sempre está disposto a provar sua superioridade na pista, Rosberg jamais escondeu pode se sentir realizado de outras maneiras. Na comparação salta aos olhos o fato que quando é para bater, Hamilton bate, e pode-se dizer que isso demorou muito para acontecer entre ele e Verstappen.

Voltando a Silverstone: o veredito de muitos foi o que choque entre os dois nomes da temporada deste ano foi um acidente típico de corrida. Concordo em parte com isso: quando dois pilotos de altíssimo nível disputam uma posição acirrada o que se espera é que isso jamais seja interrompido por uma batida ou acidente. Muitos disseram que o carro de Hamilton estava lado a lado com o de Verstappen. O fato é que a roda dianteira esquerda do Mercedes tocou a roda traseira direita do Red Bull e isso fez com que o pneu do carro de Verstappen saísse da roda. A perda de aderência provocou a perda de estabilidade e a batida, com impacto de 51 G, foi consequência inevitável. Se o piloto foi liberado do hospital por volta das 22 horas de domingo, o mesmo não se pode dizer da unidade de potência e do chassi do seu carro. A Honda enviou o conjunto motriz para sua fábrica do Japão para uma análise mais detalhada.

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A ameaçadora aproximação de Hamilton a Verstappen na tabela do campeonato, onde agora estão separados por apenas sete pontos contra 33 até então, contou com uma ajuda, no mínimo, discutível, a execução de reparos durante a interrupção da corrida. Este ano o carro do inglês foi consertado em Ímola e em Silverstone, corridas onde ele somou 19 e 25 pontos, respectivamente. Vale lembrar que a equipe admitiu que se não tivesse acontecido a bandeira vermelha na corrida inglesa Hamilton poderia não ter terminado a prova: um sensor de temperatura do pneu se deslocou na batida de domingo e, na Itália, o bico dianteiro trocado durante a interrupção evitou que o Mercedes perdesse, no mínimo, 0"3 por volta. Certamente os protagonistas de tais episódios poderiam ter sido outros, como o próprio Verstappen e a equipe Red Bull. No entanto tanto em um caso quanto no outro, permitir reparos quando uma prova é interrompida não deixa de ser um expediente que ajuda quem não conservou seu carro e prejudica quem foi capaz de usar seu equipamento sem erros.

O resultado completo do GP da Grã-Bretanha você confere aqui. O Campeonato prossegue dia 1º de agosto com a disputa do GP da Hungria, no circuito de Hungaroring.

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Opinião por Wagner Gonzalez
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