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Conversa de pista

Opinião|Volta às aulas

Caio Collet e Enzo Fittipaldi estão entre os primeiros a iniciar ano letivo rumo à F-1.

Atualização:

Caio Collet tem apoio da Renault e da família Todt para chegar até a F-1 (Renault Sport)  

Com a decisão da Federação Internacional do Automóvel (FIA) e da Liberty Media em rebatizar a antiga GP3 como F-3. Esta última abriu caminhos para nomes como campeões mundiais como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Raul Boesel (na categoria de Protótipos), e com a mudança de nome, e orçamentos cada vez mais caros, foi colocada em certo ostracismo, mas resiste à sua maneira. Na nova F-3 temos dois representantes: Pedro Piquet e Felipe Drugovich, ambos em estágio avançado que os demias pilotos aqui focalizados. Em termos práticos a antiga F-3 será substituída pela F-4, que é rigidamente controlada pela FIA, e pela F-Renault, que usa um carro mais potente: seu motor 1.8 turbo produz 270 cv e seu chassi é basicamente o mesmo da F-3 conhecida em 2018. Disputada em diversos campeonatos nacionais e regionais a F-4 usa um motor 1.6 de 160 cv e cujo fabricante varia de acordo com o país ou região onde é disputada.

João Vieira retorna às pistas após dois anos parado (Renault Sport)  

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Integrante da Academia Renault, o paulista Caio Collet vem da conquista do Campeonato Francês de F-4 e nos testes de pré-temporada já se destacou entre os integrantes da F-Renault Européia, que tem uma série similar disputada na Ásia. Com sua carreira administrada por Nicolas Todt, Collet é um nome a ser acompanhado com atenção. João Vieira, que em 2014 e 2015 disputou a F-4 italiana, marca seu retorno às pistas no mesmo grid de Collet. A temporada terá sete etapas e contempla Monza, Silverstone, Mônaco, Paul Ricard, Spa, Nürburgring e Hungaroring, detalhe importante por permitir que jovens pilotos conheçam circuitos onde deverão disputar provas de F-1.

Enzo Fittipaldi faz parte da Academia Ferrari e venceu a F-4 italiana em 2018 (Ferrari)  

Carregando o peso de um sobrenome tradicional do esporte, Enzo Fittipaldi disputa neste fim de semana a abertura da F-3 Regional, categoria promovida pelo Automóvel Clube Italiano. A categoria ainda sofre com a inflação de campeonatos regionais na Europa: a lista de inscritos para a etapa deste fim de semana apresenta apenas 10 inscritos, entre eles mineiro Igor Fraga e a alemã Sophia Flörsch, que no GP de Macau do ano passado sofreu acidente espetacular no circuito da Guia.

Veterano da F-3, Igor Fraga venceu um concurso de e-game promovido pela McLaren (PropCar)  

O calendário do campeonato também inclui Vallelunga (Itália), Hungaroring (Hungria), Red Bull Ring (Áustria), Imola (Itália), Barcelona (Espanha), Mugello (Itália) e Monza (Itália).

O paulista Gianluca Petecov também está na Academia Ferrari e em 2019 corre na Alemanha e na Itália (Ferrari)  

Nas próximas semanas outros estudantesbrasileiros também voltam às aulas. Gianluca Petecov, por exemplo, no dia 5 de maio inicia o campeonato de F-4 mais competitivo dessa categoria, o italiano, que reúne quase 37 pilotos e 14 equipes em um calendário que passará por Vallelunga, Misano, Hungaroring, Red Bull Ring, Immola, Mufello e Monza. Além dessas sete rodadas de três corridas cada (tendência que se consolida nos campeonatos europeus), Petecov também vai se apresentar em Oschrsleben, Red Bull Ring, Hockenheim, Zandvoort (Holanda), Nürburgring, Hockenheim e Sachsenring, que foram, nessa ordem, o Campeonato Alemão de F-4.

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Arthur Leist optou por seguir os passos do irmão e busca espaço no automobilismo norte-americano (US F4)  

Na América do Norte essa categoria tem dois torneios: o dos Estados Unidos e o do México, este último ainda utilizando carros iguais ao da F-Academy que existe entre nós. Nos EUA estão confirmados Arthur Leist (irmão de Matheus Leist, que disputa a F-Indy) e Kiko Porto; eles vão competir com chassis Ligier JSF4 equipados com motor Honda.

Ex-kartista, Kiko Porto estreia na F-4 dos Estados Unidos (kikoportoracing.com.br)  

Na categoria USF2000 Bruna Tomaselli, inicia sua segunda temproada e terá a companhia de Dudu Barrichello. Bruno Carneiro, radicado há alguns anos no Japão, este ano disputará o Campeonato da Ásia de F-Renault, que acontece nos circuitos de Zhuhai, Ningo, Thianji V1 e Sepang, na Malásia.

Bruna Tomaselli optou por fazer nova temporada na US F2000, nos Estados Unidos (USF2000.com)  

Enquanto as fórmulas de base se proliferam pelo mundo afora apoiadas pelas entidades nacionais e regionais, no Brasil a situação é menos otimista. Reflexo da crise econômica, apenas o automobilismo paulista oferece oportunidades de baixo custo, como as F-Vee e 1600, que tem rendimento igual; graças ao trabalho da Federação de Automobilismo de São Paulo as duas deixaram de competir separadamente e a partir da próxima etapa, dias 20 e 21, em Interlagos. A partir dessa etapa alinharão em um único grid, o que permitirá melhores disputas entre jovens kartistas e veteranos.

Dudu Barrichello é mais um brasileiro que ingressa no automobilismo disputando provas no Exterior (USF2000.com)  

Seria mais do que apropriado que a Confederação Brasileira de Automobilismo trabalhasse junto a promotores e organizadores para incentivar um programa de dois estágios: incentivar a disputa de provas de F-Vee e 1600 em certames estaduais e, posteriormente regionais. A história do automobilismo brasileiro tem bons exemplos onde se inspirar, incluindo o programa de financiamento que contribuiu para lançar e consolidar a F-Ford como uma das mais longevas e disputadas categorias do País nos anos 1970.

Bruno Carneio já correu na F-3 japonesa e este ano disputa o campeonato da Ásia para a F-Renault (brunocarneiromotorsport.com)  
Opinião por Wagner Gonzalez
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