Galo de Ouro faz 50 anos

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Por wilsonbaldini
Atualização:

Dezoito de novembro de 1960. Há meio século nascia a lenda do "Galo de Ouro". No ringue do Auditório Olímpico, em Los Angeles, diante de 6,5 mil espectadores que proporcionaram arrecadação de US$ 40.010, Eder Jofre bateu o mexicano Eloy Sanchez por nocaute no sexto round e ficou com o cinturão dos galos da National Boxing Association (NBA). O título, o primeiro conquistado pelo boxe brasileiro, estava vago, pois o também mexicano Joe Becerra, o campeão anterior, havia se aposentado.

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Eder Jofre foi para a disputa com uma confiança inabalável, após o triunfo diante de Joe Medel exatos três meses antes. "Depois daquela vitória eu sabia que não havia ninguém para me vencer", disse o brasileiro, referindo-se ao duríssimo duelo, no qual venceu por nocaute no décimo assalto, depois de sofrer forte castigo no round anterior.

No combate diante de Eloy Sanchez, Eder teve total domínio, apesar da maioria de mexicanos na plateia. Depois de um primeiro assalto de estudos, a troca de golpes ficou mais acentuada no segundo, mas foi no quinto que Eder mostrou sua força ao derrubar o mexicano, que ficou na lona até a contagem de oito.

O sexto assalto foi eletrizante. Sabedor de que sua defesa não suportaria o ataque insistente do brasileiro, Eloy Sanchez foi para a luta franca e chegou a arrancar o protetor de boca de Eder. Mas o brasileiro esbanjava preparo físico e, com um cruzado de direita espetacular, colocou o mexicano no chão para não mais levantar. "Esperei o juiz contar até oito, mas minhas pernas não me aguentavam", disse Eloy Sanchez, que rasgou elogios ao rival. "Não há ninguém que possa derrubar Eder Jofre. Eu nunca havia ido a knockdown em minha carreira. A direita de Eder é a melhor que já vi."

O novo campeão dos galos, aos 24 anos, dedicou o título mundial a todos os brasileiros e também elogiou seu adversário. "Foi o rival mais resistente que enfrentei até hoje. Não imaginava que fosse levantar após a queda no quinto assalto. E fiquei ainda mais surpreso quando ele ainda tentou ficar em pé no sexto. Ele tem muita fibra."

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Eder defendeu o cinturão por oito vezes, sempre vencendo por nocaute. Até perdê-lo de forma polêmica para o japonês Masahiko Fighting Harada, em 18 de maio de 1965, em Nagoya. Após 15 assaltos, em que Harada abusou das cabeçadas e dos agarrões, dois jurados foram a favor do pugilista local e um viu Eder como vencedor.

Ano seguinte, na revanche, Eder, com problemas ainda maiores para manter o peso limite da categoria, perdeu mais uma vez por pontos em outra decisão difícil para os jurados.

Mas a lenda do "Galo de Ouro" já havia conquistado seu espaço no mundo do boxe. Eder Jofre, que também foi campeão dos penas, em 1973, colocou seu nome no Hall da Fama do Boxe em 1992.

Um jornalista norte-americano chegou a afirmar que o brasileiro foi o melhor pugilista a nascer abaixo do Equador. "Acho que o Brasil jamais terá um lutador igual a Jofre", disse Steve Farhood, ex-editor da revista The Ring. A mesma publicação colocou Eder na nona colocação entre todas as categorias em uma de suas edições de 1995.

Mike Tyson nunca escondeu sua admiração pelo Galo de Ouro. "Quando penso no Brasil, penso em Eder Jofre", disse por várias vezes o polêmico ex-campeão mundial dos pesos pesados, possuidor de vários vídeos com lutas de Eder Jofre.

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