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'A dívida chega a mais de R$ 40 milhões', diz presidente da CBB

Guy Peixoto diz que auditoria ainda não finalizou levantamento e avalia como 'realmente difícil' primeiro ano de mandato

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Empresário de sucesso, Guy Peixoto aceitou o desafio de assumir o cargo de presidente da Confederação Brasileira de Basquete em março de 2017. Um ano depois, o dirigente reconhece que o período foi 'realmente difícil', mas, com o seu projeto em andamento, está otimista com o futuro da modalidade no Brasil. Em entrevista exclusiva ao Estado, ele revela, entre outras coisas, que o valor da dívida da entidade supera os R$ 40 milhões, que trabalha incessantemente para conseguir um patrocinador máster e que uma reunião no dia 20 de março, em Campinas, definirá os rumos do naipe feminino.+ NBA inaugura em abril na Galeria do Rock sua primeira loja em São Paulo

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Qual avaliação o senhor faz do primeiro ano como presidente da CBB?

Foi um ano realmente difícil, mas o encaramos como um desafio. Assumimos com uma situação extremamente complicada: caixa zero, salários atrasados por 3 meses, impostos atrasados por 18 meses, sem certidões fiscais, condomínio da sede atrasado por 2 anos, sem condições legais de receber repasses do Comitê Olímpico do Brasil, com diversas prestações de contas atrasadas com o Ministério do Esporte, sem crédito nos bancos e com inúmeros processos cíveis e alguns trabalhistas, além da suspensão da Fiba. Nossas ações imediatas foram voltadas para regularizar a situação da CBB com a FIBA para ter como gerenciar. Reduzimos despesas, com quadro de pessoal em 50%, folha de pagamento em mais de 60%. Devolvemos salas adicionais alugadas, o apartamento alugado para o Sr. Carlos Nunes e recolhemos os celulares corporativos. Pagamos, com recursos próprios, salários atrasados, obtivemos a CND - Certidão Negativa de Débito, solucionamos as pendências legais e financeiras com o COB e demosinício à negociação com a Fiba para a retirada da suspensão. Fora o processo de renegociação das dívidas, fundamental para a sobrevivência e a contratação de uma auditoria externa para avaliar os números da última gestão, para termos ideia do que enfrentaríamos. Elaboramos os três planejamentos fundamentais para nossa gestão: esportivo, marketing e estratégico, que foram apresentados à Fiba para análise e aprovação e passaram a ser o rumo ao renascimento do basquete brasileiro. 

Qual o tamanho da dívida atual da CBB?

Não temos ainda o valor final que está sendo levantado pela auditoria contratada, mas chega, com certeza, a mais de R$ 40 milhões.

Quantos milhões do próprio bolso o senhor teve de colocar para conseguir administrar?

Não gostaria de falar sobre isto. O que importa é que o valor que coloquei não foi um empréstimo, mas sim uma doação ao nosso basquete.

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Guy Peixoto, presidente da Confederacao Brasileira de Basquete Foto: Rafael Arbex/Estadão

Qual sua maior conquista em um ano?

Acredito que tenha sido o resgate da confiança dos entes governamentais, patrocinadores, atletas, e todos os stakeholders donosso esporte. Quebramos o gelo e conseguimos com todas as dificuldades mostrar que estamos encarando com muita seriedade o desafio de recolocar o basquete brasileiro nos trilhos. Trouxemos parceiros importantes,como a BDO - que numa permuta inédita no esporte brasileiro, fará durante os próximos quatro anos, todo nosso processo de GRC - Governança, Riscos e Conformidade, a Spalding,fornecedora de bolas oficial do basquete brasileiro, a Recoma, fornecedora de pisos oficial do basquete brasileiro, a Motorola, patrocinadora do Circuito Nacional Pro de Basquete 3x3 e da seleção brasileira de 5x5. Com a Mercedes Benz, fizemos um acordo para termos, em regime de comodato, o ônibus do basquete brasileiro, e no quesito material esportivo, temos a Nike como uma parceira de excelência em nosso esporte.

Qual são os objetivos para o segundo ano de mandato?

O maior deles é conseguir um patrocinador máster, que nos permita investir mais para dar condições de melhora ao basquete brasileiro. Como disse anteriormente, quebramos o gelo, já é possível mostrar uma CBB séria, mas o dano de imagem do basquete em anos de desmando não tem como ser sanado em tão breve período. É preciso o dobro do trabalho para buscar parcerias no mercado.

A Fiba retirou a suspensão, o que ainda falta para a reintegração total da CBB?

Já enviamos todos os documentos solicitados, atendemos a todos os quesitos pedidos, o que nos deixa otimistas para esperar que ainda no mêsde março esta situação esteja resolvida de forma definitiva. 

A Caixa ficou muito próxima de se tornar parceira da CBB? O que aconteceu para o acerto não acontecer?

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Tivemos diversas conversas, mas, infelizmente, no final o patrocínio não se concretizou. Os motivos podem ser esclarecidos pelaCaixa Econômica.

Desde que você assumiu, a CBB conseguiu alguns patrocinadores, mas como está a negociação para um patrocinador do tamanho que o basquete precisa e merece?

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Você não tenha dúvidas de que estou trabalhando dia e noite com minha equipe para isto. Não está fácil, além da crise de reputação que nos afastou das marcas, estamos reconstruindo nossas propriedades comerciais para termos mais poder de venda. O advento do CircuitoNacional Pro de Basquete 3x3 pode ser um alento para que os patrocinadores venham com força. 

Qual a importância da presença de ex-jogadores, agora também com participação nas Assembleias, na CBB?

Sempre foi meu desejo ter os atletas participando de verdade. Era uma promessa de campanha que sempre achei fundamental. Sou um ex-jogador e sei o quanto os protagonistas do espetáculo podem ajudar.E é isso que esperodeles, que de fato participem. Abrimos nosso colégio eleitoral, abrimos nosso conselho de administração e agora queremos contar com a participação de todos para o crescimento do basquete. Como canso de falar, o basquete brasileiro é um só e de todos. 

As federações estão atuando da maneira que você queria ou ainda falta muito?

Não é fácil gerir uma federação estadual. Nem sempre existem patrocínios ou apoio dos governos estaduais com investimento no esporte. Mas a vontade de todas as federações me impressiona. Vamos procurar ajudá-las a ter mais recursos e também poder cobrar delas uma gestão mais eficaz. 

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Está satisfeito com o trabalho do Petrovic na seleção masculina?

Muito. Entendemos que eleé um dos seis melhores técnicos do mundo atualmente. Ele tem sido um eficiente treinador e, mais do que isso, um embaixador do basquete brasileiro.É um profissional antenado com o mundo atual, que entende não só o papel principal do treinador na montagem e treinamento da equipe, como a importância da promoção dos jogos, do atendimento a imprensa, do trabalho para o engajamento dos fãs, do acesso aos jogadores sem prejuízo para o trabalho em quadra. 

A seleção masculina está resolvida, mas e o feminino, presidente? Não é hora de cuidar do naipe com mais carinho?

Claro, e,nodia 20 de março,em Campinas,daremos um primeiro passo para isto. Vamos realizar o Painel do Basquete Feminino, com a participação da comunidade do basquete feminino - atletas, ex-atletas, técnicos, clubes, a Liga Feminina, etc. Na ocasião vamos debateros rumos do basquete feminino, falar, ouvir e achar os caminhos para investir no basquete feminino. 

E o desenvolvimento do Basquete 3x3, que agora dá medalha olímpica, está satisfatório? 

Sim, somos já uma força neste esporte no que se refere à realização de eventos e com olançamento do Circuito NacionalPro de Basquete 3x3, esse mês, esperamos dar mais visibilidade à modalidade. Serão seis etapas, com transmissão pela internet, e na última teremos a transmissão pelo SporTV. Além disso, faremos um Challenger Internacional e uma Copa Sul-Americana, também com transmissão do Sportv. No fim do ano teremos a Copa Brasil de Basquete 3x3, que será sem sombra de dúvidas um sucesso, já preparando para que em 2020 tenhamos chances de medalhas. Serão 9 eventos só em 2018.

Em qual situação está o CT de Campinas?

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Estamos caminhando na negociação com patrocinadores para torná-lo sustentável financeiramente, mas é um espaço impressionante numa região de destaque do país, e muito importante para o basquete feminino. As dificuldades nesse primeiro ano foram muitas e tivemos que priorizar. Esperamos ter novidades em breve.

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