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'A prioridade é retirar a suspensão da Fiba', diz Amarildo Rosa

Candidato da chapa 'Bola na Cesta, Brasil!' defende uma CBB mais ativa

Por Demetrio Vecchioli e
Atualização:

Presidente da Federação Paranaense de Basquete, Amarildo Rosa, 52 anos, concedeu entrevista exclusiva ao Estado e falou sobre quais são os seus planos em caso de vitória na eleição à presidência da  Confederação Brasileira de Basketball. Para ele, o primeiro passo é retirar a suspensão da Fiba e, assim ter fôlego financeiro, para colocar em prática o plano de ação da chapa 'Bola na Cesta, Brasil!'. Qual o plano de ação para recuperar a CBB? Em primeiro lugar precisamos retirar a suspensão da Fiba, e isso será prioridade.  Precisamos colocar a CBB como membro da Fiba com seus plenos direitos, caso contrário a credibilidade da entidade não trará patrocinadores e ela permanecerá com os recursos retidos no COB e no Ministério do Esporte. Em setembro de 2016 tornamos público o nosso Plano de Ação. E ele está estruturado em pilares: administração financeira, marketing, relações institucionais, federações estaduais e eventos esportivos e técnicos. Na administração financeira, implantaremos um "choque de gestão", através de uma significativa redução de despesas, renegociação das dívidas com fornecedores, prestadores de serviços, funcionários e com a própria Fiba. Paralelamente, traremos novos patrocinadores através de um novo projeto de patrocínio. No marketing, faremos uma aproximação aos ex-atletas e grandes nomes que atuam no cenário nacional e internacional, nossos ídolos do basquete, para que eles venham abrilhantar os eventos das federações e da CBB. Também descentralizaremos os campeonatos de base para várias regiões do Brasil, levando a marca dos patrocinadores. Nas relações institucionais, estreitaremos a CBB dos Governos Estaduais, através das secretarias de Estado do Esporte e das federações, e das entidades que tenham sinalizado ajudar a modalidade como o COB e Ministério do Esporte. Nas federações estaduais, traremos um patrocínio exclusivo e através de um projeto incentivado custearemos as taxas de arbitragens na categoria de base nos campeonatos estaduais para motivar a participação das equipes. Nos eventos esportivos e técnicos, descentralizaremos os eventos da CBB através do apoio de Estados e Municípios em todo território nacional, priorizando as categorias de base com os Campeonatos de Base de Seleção sub-13, sub-15 e sub-17 e de Campeonatos de Clubes Sub-13 até Sub-19. Buscaremos apoio nos treinamentos de seleções de base e adulto, mini-basquete, 3x3, Escola Nacional de Treinadores e Clínicas de Arbitragem.A intervenção da Fiba, com participação do Ministério, COB, LNB, é realmente necessária? A Fiba é a entidade máxima do basquete no mundo, ela tem autonomia para filiar ou desfiliar seus membros. Para permanecer membro da Fiba é necessário cumprir requisitos. E nos últimos anos a CBB perdeu credibilidade, contraiu dívidas e deixou de cumprir com deveres e responsabilidades. Cansada de promessas vazias por parte da CBB, a Fiba suspendeu a entidade de participar de campeonatos internacionais. Isso está tendo um impacto direto nos atletas e clubes que foram classificados para estes campeonatos, mas também nos patrocinadores, é uma cascata. Na reunião que tivemos com a Fiba no último mês em Genebra, na Suíça, ela propôs um termo de compromisso, uma espécie de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) como conhecemos no Brasil, no qual ela cria um grupo de trabalho chamado de "Força-tarefa", formado pelo presidente da CBB, um representante da Fiba, do COB, do Ministério do Esporte e o presidente da LNB; cujo único objetivo é ajudar a CBB a se reintegrar como membro da Fiba com plenos direitos, para o qual as partes se comprometem. Tendo em vista a delicada situação atual em que se encontra a CBB, fica fácil entender por que a Fiba propõem documentar um compromisso. Caso o presidente eleito da CBB não aceite esta ajuda, como mínimo a CBB continuará suspensa, embora tenha ficado muito claro por parte da Fiba de que o não aceite provocará a desfiliação. E sem a chancela da Fiba, aí sim a CBB pode fechar as portas e as consequências para o basquete seriam drásticas. A minha intenção é retirar a suspensão o mais rápido possível e reerguer a entidade para colocar o basquete em destaque no cenário nacional. Rejeitar a colaboração das maiores instituições nacionais do esporte (COB e ME), juntamente com a Fiba, simplesmente por que vai tirar o 'poder' do presidente da CBB ou dos presidentes de federações, seria pensar muito pequeno, além de uma grande irresponsabilidade da minha parte. Esse é o meu entendimento e de todas as federações que tem apoiado a minha candidatura.  

Amarildo Rosa, candidato da 'Chapa Bola na Cesta, Brasil!' Foto: Secretaria de Cultura de São José dos Pinhais

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Já tem uma ideia do tamanho do rombo que terá de administrar? O rombo da CBB estaria em torno de R$ 17 milhões, conforme os balanços fornecidos pela entidade nas assembleias, mas já calcula-se que ultrapasse esse valor. Não tenho dúvida de que não foi a falta de verba de órgãos públicos ou falta de patrocínios, foi um grave problema de gestão. Tem muito enrosco que foi causado por uma ineficiente prestação de contas as entidades patrocinadoras. O novo presidente precisa ter experiência com a tratativa deste tipo de recurso para não persistir no erro.E deve ter o entendimento que se posicionar contra a Fiba é permanecer com a CBB suspensa e automaticamente ficar sem o recebimento dos recursos. É necessário colocar a casa em ordem e a matemática é muito simples, gastar menos do que se arrecada. 

Existem patrocinadores alinhavados em caso de vitória na eleição? Sim, dois patrocinadores já se demonstraram confiantes no nosso trabalho, um patrocinador de bolas para a confederação e todas as federações e também um patrocínio financeiro de uma fábrica de automóveis. Além disso, no mês passado estivemos em Brasília numa audiência com o Ministro do Esporte para alinhavar junto ao Governo Federal o apoio de uma Estatal - a exemplo das outras modalidades de quadras que tem tido este apoio do Governo. Está também nos nossos planos, retomar as negociações com o nosso patrocinador master Bradesco. 

Você tem opções para assumir como treinador? A contratação de um estrangeiro está descartada? Antes de nomear um técnico, vamos nomear um diretor técnico e seus coordenadores (masculino e feminino). Depois iremos ouvi-los, mas posso adiantar de que o técnico deverá preencher alguns requisitos: participação em competições nacionais, bons resultados nos últimos anos, ser um técnico moderno que procure sempre se atualizar, e deverá estar em concordância com a filosofia da nova gestão, que será de preservar a ética e o respeito profissional entre atletas, dirigentes, árbitros, entidades e imprensa, e deverá preservar o bom comportamento dentro e fora de quadra. Temos excelentes profissionais no Brasil, vamos honrar a prata da casa. Além da financeira, você acredita que existe uma crise técnica do basquete brasileiro? É preciso deixar claro que a crise do basquete brasileiro se chama Confederação Brasileira de Basketball. A entidade não tem dinheiro nem para manter sua estrutura, podendo fechar as suas portas a qualquer momento, quem dirá para fazer seus campeonatos de base e estimular e apoiar as federações a realizarem suas competições. E quanto a parte técnica do Basquete, somos o segundo país em número de jogadores na NBA. Temos jogadoras na WNBA, muitos jogadores na Europa, nossas equipes da NBB estão entre as melhores do continente, disputamos a final de clubes de igual para igual com times da Europa, estamos entre os dez melhores no ranking da Fiba (dos 215 países filiados). 

Existe um plano especifico para o basquete feminino? No naipe feminino temos um caminho maior a percorrer. Infelizmente ainda temos poucas equipes na Liga Nacional e faltam novos ídolos e referenciais no basquete feminino, depois da geração de Paula, Hortência e Janeth. A renovação não é feita de um dia para o outro. É necessário planejamento e incentivo para que surjam novas atletas e mais técnicos que possam atuar na modalidade, especialmente nas categorias de base, pois a cada dia tem sido mais raro. Sempre tivemos uma forte representatividade internacional no naipe feminino e estávamos até poucos anos entre os quatro do mundo no ranking da Fiba, mas a qualidade do nosso basquete feminino vem caindo a cada ano. E para isso o nosso plano de ação prioriza o trabalho na base. Como a criação dos Campeonatos Brasileiros de Seleções Sub-13, além dos Campeonatos de Clubes Sub-13, Sub-14, Sub-15, Sub-17 e Sub-19. Desta forma conseguiremos ampliar a participação e formação de mais equipes e atletas.Como será o relacionamento da CBB com as ligas?  A minha visão e postura sobre a Liga Nacional é uma só. Eu não vou mudar de opinião caso seja eleito. E não quero que ninguém confunda a visão e postura da chapa 'Bola na cesta, Brasil' que é coerente e coesa, e isso inclui as federações que apoiam a minha candidatura: nós reconhecemos o importante e relevante trabalho que as Ligas LNB/LBF fazem. Não somos contra as ligas. O que deve ficar claro é que a CBB deve e vai realizar na minha gestão as categorias de base (Sub-13 até Sub-19) e a Copa Brasil Adulta, tal como está no nosso plano de governo. As ligas nacionais continuarão realizando os seus campeonatos. E assumindo a condução da CBB, nós afinaremos as ações e competências de cada entidade. Gostaria de deixar claro de que o compromisso de acabar com o contrato das ligas LNB/LBF não é meu nem dos presidentes do grupo 'Bola na Cesta, Brasil!'. Essa é uma promessa de campanha da chapa adversária e das federações que a apoiam, que assumiram o compromisso público de acabar com esses contratos, conforme nota oficial divulgada pela Federação Cearense de Basquetebol.

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