Balanço da CBB aponta dívida de R$ 10 milhões e ausência de dinheiro em caixa  

Novo presidente busca derrubar suspensão da Fiba para ter como operar

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O novo presidente da Confederação Brasileira de Basketball, Guy Peixoto, tem reunião decisiva com os dirigentes da Federação Internacional de Basquete nesta sexta-feira, em Zurique (Suíça). O balanço de 2016, obtido com exclusividade pelo Estado, aponta que o caixa da CBB está praticamente vazio e, para conseguir operar, ele terá de derrubar a suspensão da Fiba, vigente até maio. Aprovado em votação apertada (16 a 12) na semana passada, o documento aponta uma diminuição no valor da dívida, que passou de R$ 10,8 milhões em 2015 para R$ 9,95 milhões em 2016. Só que, para entregar uma cenário menos catastrófico para o sucessor, o ex-presidente Carlos Nunes utilizou quase todo os recursos disponíveis em caixa.

No vermelho: CBB ainda tem as finanças desequilibradas Foto: Arte/Estado

Pelo balanço, a CBB fechou 2015 com R$ 6,7 milhões, valor que desabou para R$ 1,74 milhão em dezembro do ano passado. Como está impedida de receber o repasse da Lei Agnelo Piva (foram R$ 5,6 milhões em 2016), não renovou com o Bradesco (recebeu R$ 9,6 milhões) e comprometeu verbas da Nike, outro apoiador, até 2018, a entidade não tem fonte de recursos neste início de 2017 - apenas despesas. Em 2016, a CBB deixou de honrar compromissos, como salários, plano de saúde, vale transporte e refeição dos funcionários. A entidade também parou de pagar suas obrigações sociais (INSS e FGTS), o que fica claro no balanço. O valor subiu de R$ 349 mil em 2015 para R$ 1,05 milhão em 2016. A alternativa para diminuir o valor da dívida foi quitar boa parte dos empréstimos bancários, reduzindo consideravelmente o ônus com juros. O balanço de 2016 apontou que a CBB ainda tem a pagar R$ 1,15 milhão contra R$ 4,1 milhões em 2015. A entidade tem dois empréstimos com o Bradesco (R$ 409.684, com juros de 2,50% ao mês e vencimento em março de 2017, e R$ 17.832, com juros de R$ 9,08% aos mês que venceu em fevereiro deste ano) e outros dois com o Itaú (R$ 477.331 e R$ 1,153 milhão, ambos com juros de R$ 1,90% ao mês e vencimento em abril de 2020). "A curto prazo é necessário derrubar a suspensão da Fiba para ter novamente como operar", explicou Pedro Daniel, especialista em gestão esportiva e responsável pela área Esporte Total da consultoria BDO. "A médio prazo, a CBB tem de se tornar novamente atraente para os patrocinadores. Ninguém vai investir na entidade na atual situação", completou.

Presidente da CBB, Guy Peixoto tem reunião decisiva na Fiba Foto: Matheus Costa/Chapa Transparência

Ciente da situação difícil da entidade que acaba de assumir, Guy apresentará à Fiba um plano emergencial de 100 dias para gestão da CBB, que passa pelo fim da suspensão. Sem recurso, não há como reverter o quadro. A suspensão será o tema principal do encontro.  "A prioridade é retirar a suspensão do basquete brasileiro. Nossos atletas e equipes estão prejudicados e precisam voltar a participar de competições internacionais. Com isso, desbloquearemos todo o dinheiro e conseguiremos novos investidores", afirmou Guy. A entidade máxima do basquete defende a criação de uma força-tarefa com sua participação, além do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Ministério do Esporte e Liga Nacional de Basquete. Em uma reunião em fevereiro, também na Suíça, apenas Guy não assinou um termo de compromisso. O ex-jogador de 56 anos é contra o formato exigido pela Fiba.