Basquete: estrelas sofrem sem emprego

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Por Agencia Estado
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Antônio Carlos Vendramini, o técnico de basquete feminino mais premiado em âmbito nacional, está disposto a trocar a quadra pelo campo de futebol. Com um currículo que exibe oito títulos brasileiros, oito paulistas, seis sul-americanos e dois mundiais interclubes, conquistados em mais de 20 anos de carreira, Vendramini está desempregado, desgostoso, sentindo-se "inútil". "Procurei alguns amigos, técnicos de futebol, para ver se consigo algo na parte técnica ou de gerência", revela ele, que não agüenta mais "ficar parado". Vendramini conta que, até o último momento, tinha a esperança de manter o time adulto do Paraná, patrocinado pelo governo do Estado. "E ainda me devem o salário de maio." Em agosto, iniciou uma peregrinação, em reuniões com possíveis patrocinadores para montar uma equipe em Sorocaba. O Campeonato Paulista já começou e ele ficou sem time. "Precisamos mudar esse quadro urgentemente. Onde já se viu a Janeth, a Karina e a Marta sem clube e a Helen jogando por bilheteria?" O salário da armadora Helen, da Unimed/Americana, será pago pela torcida. As pivôs Karina e Marta, ex-Jundiaí, que foi patrocinado pelo técnico do Corinthians, Vanderlei Luxemburgo, não tiveram a mesma sorte. Desempregadas, treinam sozinhas no ginásio Bolão, em Jundiaí, e pagam um personal trainer para manter a forma. "Estou ficando preocupada, porque não recebo salário desde março. Pago aluguel, meus pais moram comigo e já pensei até em vender minhas medalhas olímpicas", exagera Marta. "Me sinto largada, esquecida." Além do título pan-americano de 1991, Marta foi prata na Olimpíada de Atlanta, em 96, e bronze na de Sydney, em 2000. Ela diz que sobrevive de economias e só vai conseguir manter o padrão de vida até o fim do ano. "Estou até saindo menos de carro para poupar gasolina. Quero muito voltar a jogar." Karina, que se naturalizou brasileira para jogar na seleção, já pensou em trabalhar com política ou marketing esportivo. Por dois anos, foi jogadora e administradora do time de Jundiaí e este ano concluiu um curso na Fundação Getúlio Vargas sobre administração esportiva. "Meu futuro está indefinido." Karina apóia a amiga Janeth na busca de apoio para um novo time. "O problema é manter o patrocinador por mais de uma temporada", observa. "Janeth é um ícone do esporte brasileiro, mas não é mágica."

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