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Fiba suspende Confederação Brasileira de Basquete e alega 'falta de controle'

Federação Internacional entende que a entidade brasileira ainda precisa de 'reestruturação'

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Por Redação
Atualização:

A Federação Internacional de Basquete (Fiba) suspendeu ontem a Confederação Brasileira de Basquete (CBB). A decisão foi anunciada depois de uma reunião do Comitê Executivo, na qual foi concluído que, apesar do “apoio e flexibilidade” em “múltiplas ocasiões” antes dos Jogos Olímpicos do Rio, a CBB – dirigida pelo presidente Carlos Nunes desde 2009 – ainda precisa de “reestruturação”. A avaliação também considera que a entidade brasileira não vem cumprindo totalmente suas obrigações como membro da Fiba.

O Comitê Executivo da Fiba lamenta a situação do basquete brasileiro poucos meses depois da Olimpíada e recomenda que a CBB trabalhe em conjunto com a federação internacional e com a força-tarefa da entidade para que possa superar as “sérias dificuldades institucionais, esportivas e financeiras”. A situação da CBB será reavaliada em uma reunião marcada para 28 de janeiro de 2017. 

Carlos Nunes é o atual presidente da Confederação Brasileira de Basquete Foto: Amanda Perobelli|Estadão

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Até lá não há nenhuma competição oficial de seleções. O primeiro compromisso é o Sul-Americano masculino, em junho. Os times brasileiros, no entanto, estão impedidos de jogar competições internacionais. Apenas o Mogi das Cruzes poderá atuar na final da Liga Sul-Americano contra o Bahia Basket, da Argentina, porque o torneio está em andamento. Já Flamengo e Bauru estão fora da Liga das Américas.

Quatro fatores são apontados pela Fiba como determinantes para a suspensão da CBB. O primeiro é a ausência em competições internacionais, como um torneio continental de base e Mundiais Sênior 3x3, assim como a falha na organização do World Tour 3x3 no Rio de Janeiro. A entidade desistiu de organizar o torneio, entre 23 e 24 de setembro, apenas 20 dias antes da data prevista para o início. 

A Fiba entende que isso prejudica muitos jogadores, que perdem a possibilidade de se qualificar e jogar internacionalmente nos anos posteriores. E lembra que, em nível nacional, campeonatos juvenis foram cancelados pela CBB. 

O segundo problema apontado pela entidade internacional é a “falta de controle total do basquete no País”. E exemplifica com o envolvimento de “terceiros” na seleção e no financiamento de atividades do time nacional. A terceira crítica leva em consideração a pendência de pagamentos à Fiba por um longo período. “A situação financeira da CBB não permite o financiamento de suas operações nem que esteja em dia com suas obrigações em seu país”, aponta. 

Por fim, a Fiba enfatiza o fato de não existir um planejamento de reforma ou reestruturação antes da eleição presidencial, marcada para março de 2017. Até o momento, apenas Amarildo Rosa e Antonio Carlos Barbosa apresentaram candidatura. Em recesso por causa do feriado de Proclamação da República, a CBB publicou apenas uma curta nota de esclarecimento e prometeu responder aos quatro pontos alegados pela federação internacional amanhã e diz que vai “buscar os meios formais e legais para preservar o basquetebol brasileiro”. 

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A entidade ainda se disse surpresa com a punição imposta pela Fiba, pois não tomou conhecimento da possibilidade de uma suspensão na visita de José Luis Saez ao Brasil. O ex-presidente da Federação Espanhol de Basquete e interventor nomeado pela Fiba se reuniu com os dirigentes da CBB no início do mês de novembro.

O presidente da CBB, Carlos Nunes, afirmou em entrevista ao Estado em outubro que o valor da dívida é de R$ 10 milhões. O último balanço, no entanto, apontava um montante de R$ 17,2 milhões ao final de 2015. O dirigente disse ainda que buscava fechar uma parceria até o final do seu mandato, em março, para passar o bastão em uma melhor condição financeira.

A suspensão da Fiba escancara o momento dramático do basquete brasileiro dentro e fora de quadra. A ex-jogadora Hortência acredita que é uma oportunidade para recomeçar do zero. “É uma bola de neve, vai indo, vai indo e não tem jeito. Melhor parar tudo”, desabafou em entrevista ao programa Tá Na Área, do SporTV.

Alguns jogadores, entre eles o armador Rafael Luz e o pivô Augusto Lima, que defenderam o Brasil nos Jogos do Rio, também criticaram o momento do basquete pelas redes sociais.

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Confira a nota oficial divulgada pela Confederação Brasileira de Basquete:

A Confederação Brasileira de Basketball (CBB), por meio de seu Presidente e de sua Diretoria, vem por meio desta mostrar sua surpresa com a punição imposta pela Federação Internacional de Basketball (FIBA). No início do mês de novembro, a FIBA enviou ao Brasil o dirigente José Luis Saez que, durante reunião na CBB e demais encontros, em momento algum abordou a possibilidade de suspensão da entidade brasileira. Dessa forma, a CBB vai buscar os meios formais e legais para preservar o basquetebol brasileiro. Na próxima quarta-feira (dia 16), a CBB comentará todos os itens elencados pela FIBA e irá pontuar o que de fato acontece no basquete nacional para que a sociedade avalie e forme sua opinião sobre esse episódio.

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