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São Paulo DC se torna pioneiro no basquete 3x3

Equipe monta estrutura profissional, consegue remunerar atletas e quer iniciar transformação do esporte agora olímpico

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Estreante nos Jogos de Tóquio, em 2020, o basquete 3x3 vive uma realidade bem distante do parente próximo, o 5x5. O investimento é exíguo, faltam equipes, são poucos torneios. O São Paulo DC é exceção à regra da modalidade no Brasil. Com sede na capital paulista, como o nome sugere, se tornou o primeiro time com estrutura profissional. Semente plantada para uma nova perspectiva.

A transição ocorreu neste ano. O responsável pela equipe é Gustavo Bracco, ex-atleta de 3x3 e formado em Direito. Por meio da Lei de incentivo ao Esporte do Ministério da Cidadania, ele conseguiu o investimento de empresas, como Havan, Decathlon, Tenda Atacado, Sorvetes Jundiá e Sabesp, para contratar profissionais e montar uma comissão técnica, além de remunerar os jogadores. “Criei um programa de Bolsa Atleta dentro do meu projeto”, explica. “Não é um valor que vai trazer independência financeira, mas não fica distante do aplicado no basquete no Brasil.”

Jogadores do São Paulo DC, primeiro com estrutura profissional no basquete 3x3 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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O São Paulo DC conta atualmente com preparador físico, fisioterapeuta, clínico geral, ortopedista, nutricionista, nutróloga e até dentista. Busca um técnico, função ainda sem mão de obra especializada.

Existe uma rotina de treinamento, algo raro no 3x3. Os jogadores treinam na quadra de terça a sábado, na Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal, e fisicamente no Núcleo de Alto Rendimento Esportivo (NAR), de segunda a sexta.

A mudança de status provocou baixas. Três jogadores deixaram o São Paulo DC porque o planejamento previa dedicação exclusiva. Felipe Camargo e Jonatas Mello, que moram em Limeira e Araras, respectivamente, foram para o Campinas. Já William Evangelista seguiu para o Santos 3x3. Apenas Luiz Felipe Soriani continuou.

“Sempre jogamos de igual para igual contra todos os times do mundo, mas faltava alguma coisa para ganhar. E isso temos agora, treinando todos os dias, com uma estrutura bacana, podendo nos dedicar 100%. É o começo, mas acredito muito nesta mudança que estamos realizando”, disse Soriani, 103.º do mundo e terceiro brasileiro no ranking da Federação Internacional de Basquete (Fiba).

Uma seletiva foi realizada para que o time elite fosse reconstruído e atraiu jogadores que disputam o NBB (Novo Basquete Brasil). Jefferson Socas se despede do Joinville no fim de março e se apresenta em abril.

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Outro jogador que migrou para o 3x3 foi Will Weihermann, de 21 anos, ex-companheiro de Socas. A estrutura do São Paulo DC foi determinante. “Muitos times do NBB, não apenas o Joinville, não têm uma estrutura nem próxima da que temos aqui. Não tínhamos preparador físico, nutricionista, era cada um por si. Aqui tenho condições de realizar um trabalho para ganhar massa muscular e melhorar o meu aspecto físico, que é o meu ponto fraco.”

Will é um dos cinco atletas da equipe sub-23, mais um diferencial do projeto, e sonha em disputar o Pan-Americano no Peru neste ano. O São Paulo DC pensa no futuro da modalidade. Não à toa, firmou parceria com a Unip para que os jogadores possam estudar, além de jogar.

O São Paulo DC faz parte do projeto Drible Certo no Mundo, que está sendo executado há cinco anos e vem sendo aprovado pela Secretaria de Esportes do Governo de São Paulo, através da ONG Associação de Basquete de Rua SP.

O time, que já realizou 17 viagens internacionais em cinco anos, tem verba garantida para disputar cinco torneios fora do Brasil neste ano e um período de treinos na Sérvia, com o Novi Sad, onde atua Dusan Bulut, o melhor jogador do mundo.

“Torço para que os outros times possam seguir o mesmo caminho, se dediquem um pouco mais, porque isso vai atrair mais patrocinadores e o 3x3 vai crescer”, afirmou Bracco.

Classificação para Tóquio será difícil

A Federação Internacional de Basquete (Fiba) definiu que oito países de cada gênero vão participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. As vagas serão distribuídas pelo ranking da modalidade – que leva em consideração o desempenho dos 100 melhores jogadores de cada nacionalidade – e em dois torneios pré-olímpicos.

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No dia 1.º de novembro deste ano, data definida pela Fiba para o fechamento da janela de classificação, os quatro melhores países ranqueados se garantem na Olimpíada, com o limite de duas vagas por continente. O número pode diminuir para três se o Japão, como país-sede, receber um convite. O Brasil está atualmente em 13.º (no masculino) e 19.º (no feminino).

Outros três classificados serão conhecidos em um pré-olímpico em maio de 2020, totalizando sete vagas. O torneio contará com 20 países: os três melhores da Copa do Mundo que será realizada em junho deste ano (caso não se classifiquem pelo ranking em novembro), o Japão (caso não receba o convite) e os 16 ou 17 subsequentes melhores ranqueados em 1.º de novembro, com limite de dez países por continente.

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O último país nos Jogos de Tóquio será conhecido em junho, um mês antes do início da Olimpíada, em outro pré-olímpico. A competição será disputada por apenas seis países: o Japão, caso não tenha sido convidado ou garantido vaga, e os cinco melhores times ranqueados em 1.º de novembro e que ainda não se classificaram. Detalhe: os países que participaram de Londres-2012 e Rio-2016 no basquete de quadra, o Brasil entre eles, não poderão disputá-lo. 

“O caminho não é fácil. Não poderemos disputar o último pré-olímpico. Então temos apenas uma chance para obter uma vaga”, afirmou Chico Chagas, gerente de desenvolvimento do 3x3 da Confederação Brasileira de Basquete (CBB).

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