14 de outubro de 2015 | 12h25
A seleção brasileira cumpre seus dois primeiros compromissos nas Eliminatórias com uma derrota e uma vitória, somando três pontos e ficando para trás na corrida para a Copa da Rússia. Os três pontos (derrota para o Chile e vitória diante de Venezuela) deixam o time de Dunga na quinta posição, atrás de Paraguai (4 pontos), Chile (6), Equador (6) e Uruguai (6). Pelas regras da competição, os quatro primeiros colocados se classificam para 2018, enquanto que o quinto terá de fazer repescagem com o representante da Oceania. Entre erros e acertos, veja 10 conclusões do time nacional após a rodada dupla.
1
Dunga dá nota 8,5 para a seleção
A vaga de goleiro ainda não foi definida. Contra o Chile, o Brasil manteve Jefferson no gol. O Brasil perdeu. O jogador do Botafogo foi titular na Copa América. Contra a Venezuela, em Fortaleza, Dunga escalou Alisson, do Inter. Taffarel participou dessa decisão, mas disse que a palavra final foi do treinador, seu chefe. Dunga sinaliza insatisfação com Jefferson e decisão de efetivar outro no posto. Alisson ganha espaço.
2
Se os resultados tivessem sido invertidos (vitória contra o Chile e derrota para a Venezuela), o torcedor brasileiro talvez estivesse mais tranquilo e com mais esperança. Teria entendido a derrota como um acidente. O sentimento que fica após o 3 a 1 em Fortaleza e que o Brasil não fez mais do que a obrigação, dada a fragilidade da Venezuela. O que o brasileiro quer ver é o time de Dunga bater um rival importante e, claro, jogar bem. Ainda é pouco para voltar a acreditar e apostar na seleção.
3
Atuar com um atacante de área tem a cara do futebol brasileiro, mesmo que isso não esteja tão em modo na Europa. Ricardo Oliveira teve duas boas bolas e em uma delas marcou o terceiro gol. Essa é a função do centroavante, que pode, por vezes, deixar a área se tiver habilidade para isso. Não importa. O fato é que o futebol brasileiro tem essa tradição. Montar um esquema com um homem enfiado entre os zagueiros e o goleiro foi um acerto de Dunga. Esse jogador pode ser Ricardo Oliveira para soluções imediatas ou um outro centroavante que esteja em boas condições, como Pato, por exemplo.
4
Willian assumiu papel importante no time, o de pegar a bola e partir para cima, com dribles e jogadas pelas pontas. Ele foi muito efetivo e ganha confiança a cada partida. Digo o mesmo, em menor proporção, de Douglas Costa, que com o tempo deverá fazer igual pela esquerda. Dessa forma, o Brasil não depende tanto dos laterais na linha de fundo. Com dois jogadores abertos e um atacante de área, a seleção começa a ter um novo jeito de jogar.
5
É inegável que Lucas Limas está mais no ponto do que Oscar. É preciso ter coragem para sacar do time jogadores que não estejam bem ou que estejam abaixo do que podem render. E todo mundo sabe que Oscar é um desses. Ele não foi bem na Copa do Mundo e voltou a jogar timidamente nas Eliminatórias. Há tempo Oscar é escalado pelo nome e não pelo que faz em campo. Pode até estar no grupo, mas precisa dar vaga para quem está melhor do que ele. Ele alterna bons momentos com muitos momentos sumido.
6
Dunga precisa arrumar o Brasil nas bolas aéreas. Há falhas de marcação no setor defensivo pelo alto. Não importa que a Venezuela abusa desse tipo de jogada. É preciso ter um melhor posicionamento. Alguém tem de ir na bola e não esperar que a bola chegue nos rivais. Isso é posicionamento e muita conversa, já que o time treina pouco pela falta de tempo. Terá de resolver nas vezes em que se encontrar, nas palestras e nas orientações.
7
Dunga tem de liberar mais os volantes, a exemplo do que fez com Elias e Luiz Gustavo contra a Venezuela. Não dá para abrir mão da qualidade do corintiano na entrada na área, nos arremates, como jogador-surpresa nas costas dos marcadores. O problema é que ele tem de fazer isso também diante de adversários 'grandes'. Quem determina isso é o treinador. Contra o Chile, os volantes brasileiros ficaram presos à marcação.
8
O Brasil não sentiu a falta de Thiago Silva, o capitão na Copa do Mundo. Trata-se de um bom jogador, importante, mas agora com substitutos à altura. Marquinhos joga firme. Miranda ainda precisa se acertar no posicionamento, mas é bastante seguro também. E David Luiz, que se machucou, apesar de estabanado, tem muita determinação. Isso faz falta ao time. Vejo como questão de tempo esse trio se acertar em campo.
9
Neymar volta na próxima partida contra a Argentina, fora de casa, dia 13 de novembro, e Dunga deverá mexer no sistema de jogo, de modo a voltar a fazer a equipe correr em função de seu principal jogador. É inegável que Neymar tem de jogar mesmo, mas seria um erro mudar tudo em função dele. Atuar com um centroavante e dois pontas, e mais Neymar, poderia definir uma forma para a seleção diferente, mais efetiva e perigosa. A dúvida é saber quem sai para a entrada do atacante do Barcelona. Talvez Oscar rode e Neymar assuma a armação, com liberdade para chegar na área.
10
Com dois pontas, Dunga poderia segurar mais os lateriais e dar a eles funções mais defensivas. Isso daria mais tranquilidade para os homens de meio e frente. Com dois zagueiros, dois volantes e os laterais mais presos, o restante do time seria só ataque. Dunga poderia alterar as avançadas dos laterais com a chegada dos volantes. O fato é que contra a Argentina e diante de oponentes que estão acima na classificação, o Brasil terá de jogar bem mais do que mostrou contra Chile e Venezuela.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.