Construída para receber quatro jogos da primeira fase da Copa do Mundo de 2014, a Arena das Dunas tem apenas dois jogos marcados entre os meses de maio e junho deste ano. O local é objeto de investigação da Operação Manus, deflagrada para apurar atos de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro envolvendo a construção do estádio, em Natal/RN. O sobrepreço identificado chega a R$ 77 milhões. Na operação foram presos o ex-ministro e ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já está detido em Curitiba.
Com capacidade oficial de 31.375 lugares, expandida para 42 mil para o Mundial, o estádio sofre com a falta de competições no segundo semestre e se apoia em shows como Maria Rita e Diogo Nogueira, Roberto Carlos e Pe. Fábio de Melo para se manter em funcionamento. Entre janeiro e abril, com o auge das competições no primeiro semestre, foram 27 jogos no local entre Campeonato Potiguar e Copa do Nordeste.
Na última terça-feira, América-RN e Jacobina fizeram a única partida de futebol realizada no estádio em junho. O duelo pela Série D teve 5.773 pagantes e renda de R$ 74.620. Este baixo valor é um dos motivos para afastar interessados em fazer seus jogos na Arena das Dunas. Como base de comparação, Flamengo x Fluminense fizeram o clássico carioca junho de 2016 e pagaram R$ 142,6 mil pelas despesas administrativas do local.
Orçada inicialmente em R$ 350 milhões, a Arena das Dunas custou R$ 400 milhões, de acordo com a Matriz de Responsabilidades, instrumento criado pelo Governo Federal para detalhar todos os gastos da Copa de 2014.
Em matéria publicada pelo Estado no dia 15 de maio, o senador Agripino Maia (DEM-RN) se defendeu das acusações de recebimento de propina para ajudar na liberação de recursos do BNDES para a Arena das Dunas. "Tenho certeza de que as investigações vão terminar pela conclusão óbvia: que força teria eu, líder da oposição na época, para liberar dinheiro do BNDES, cidadela impenetrável do PT?", disse o presidente do Democratas.
CORRUPÇÃO NA COPA
A Operação Lava Jato também chegou às arenas construídas ou reformadas para a Copa do Mundo de 2014. Delações de ex-executivos das construtoras Odebrecht, divulgadas recentemente, e da Andrade Gutierrez citam nove dos 12 estádios utilizados como "palco" de crimes como cartel, pagamento de propinas e também caixa 2. Os cálculos mais conservadores apontam desvios da ordem de R$ 120,9 milhões. Apenas os particulares Beira-Rio e Arena da Baixada se salvaram. A Arena Pantanal não foi mencionada nessas delações, mas também já foi alvo de denúncias.