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'A gente não pode perder para nossa vaidade', diz Roger Machado

Técnico do Palmeiras diz não se iludir com série de vitórias e evita entusiasmo excessivo com campanha

Por Ciro Campos
Atualização:

O técnico Roger Machado, do Palmeiras, contou nesta quarta-feira trabalhar em mais de uma frente além da arrumação do time, do planejamento de jogos e de possíveis insatisfações de jogadores. A uma partida de alcançar a sétima vitória consecutiva no comando, o treinador afirmou ter preocupação com o excesso de entusiasmo gerado pela boa campanha no início do Campeonato Paulista.

Se bater o Linense, nesta quinta-feira, no Allianz Parque, o time chegará à sétima vitória e fará Roger igualar outros dois bons inícios de trabalho de técnicos no Palmeiras. As marcas pertencem a Filpo Núñez, em 1978, e Vanderlei Luxermburgo, em 2009. "O entusiasmo é correspondente à expectativa gerada, assim como a frustração. Temos que usar isso como combustível e saber usar a nosso favor. Temos que aproveitar o momento", afirmou.

Roger Machado comemora arrancada positiva do Palmeiras no Estadual Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

O clube dono da melhor campanha até agora do Paulista, com a melhor defesa e o melhor ataque, luta contra a própria euforia. "Os números são bons, confirmam a direção correta do nosso trabalho, mas um dia serão batidos aqui. O que não pode acontecer é a gente perder para a nossa vaidade. O entusiasmo que vem de fora, temos que filtrar", afirmou Roger, contratado pelo Palmeiras no fim do ano passado.

O treinador afirmou que não se deslumbra com a boa fase. "Estou no futebol há 25 anos e sei que daqui duas rodadas, se tiver dois tropeços, tudo o que fizemos será desconstruído e mencionado como razão da queda de rendimento. Então, eu não me iludo com isso", afirmou. Curiosamente, no ano passado Roger  teve bom início no trabalho com Atlético-MG, com dez vitórias seguidos no começo do Estadual.

Os bons resultados fazem o treinador abrir a possibilidade para testes. Na entrevista coletiva, Roger prometeu fazer alterações. "Eu penso, sim, em fazer observações, mas não alterando completamente o sentido coletivo que a gente conquistou. Uma ou duas alterações não mexem no planejamento. Isso possibilita encontrar alternâncias e manter todos os jogadores motivados", disse. O mais cotado para entrar no time é o meia venezuelano Guerra.

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Confira os principais trechos da entrevista:

Pensa em fazer testes no time?

Com a repetição você ganha alguns aspectos importantes para o início de trabalho, se mostrou acertada a decisão, com alteração de um, dois ou até três, que manteve a estrutura e deu condição. Com 18 pontos alcançados, a partir desse momento penso em fazer observações, mas não alterando completamente o sentido coletivo que a gente conquistou. Uma alteração pontual, uma segunda, acredito que ela não desestrutura o entrosamento, e a gente pode encontrar alternâncias.

O que você viu de positivo no Palmeiras que não encontrou em outros clubes?

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Em relação aos clubes grandes, se assemelha muito. A pressão pelos títulos, pelas grandes conquistas, estrutura de trabalho, profissionais extremamente capacitados. O que não me gerou surpresa, conheço profissionais que estão no clube, é que a estrutura funciona como um relógio, funciona muito bem. Somos muitos profissionais, mas cada um sabe seu momento, sua importância e seu lugar dentro da instituição. O campo é o último elo de uma corrente. Quando os outros elos estão fortes, inclusive a situação política do clube, que está calma. O retorno de estar treinando um clube como o Palmeiras é muito grande, isso motiva a gente.

Você usa os recordes para se motivar ou para motivar o time?

É bom para o grupo, porque confirma a direção correta. Mas eles não são importantes quanto a administração que acontece dentro do grupo. Esses números serão um dia batidos por alguém, mas a construção de um grupo vitorioso passa por essa atenção no dia a dia. O que não pode acontecer é perder para nossa vaidade. O entusiasmo de fora temos que filtrar. Usar como combustível, sim, não podemos abrir mão disso. Sem vaidade, você fica perto de conquista. 

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A parte mais difícil do seu trabalho é a de gestão de pessoas? 

É prazerosa para mim, porque nos meus 25 anos como jogador trabalhei muito isso. É processo de alquimia, mas prazeroso trabalhar o bom ambiente. O bom ambiente não remete a ausência de problema. Você vai ter pequenos ruídos, mas que sejam contornados de forma saudável. Grupo que não dá problema talvez seja problema. Agora, vejo isso como metade do trabalho. A outra metade é ter estratégia forte, que os atletas tenham confiança para levar dentro de campo.

O excesso de entusismo pode atrapalhar?

Entusiasmo a gente tem que usar como combustível, mas não como algo que nos pressione ou diminua. Temos que usar a favor. Não posso me valer também desse momento bom para fazê-los entender: "Olha, está tudo muito bom, mas vão cobrar tão forte quanto isso". Não, vamos aproveitar, mas só o trabalho vai nos fazer aproveitar esse momento que estamos adquirindo.

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