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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Palmeiras precisa aceitar suas derrotas e cartolas e técnicos devem ter mais ações e menos mimimi

Reclamar de arbitragem é 'chover no molhado' durante toda a temporada no futebol brasileiro, como disse Abel Ferreira do pênalti dado para o São Paulo no Morumbi

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O Palmeiras precisa admitir suas derrotas. Jogou mal contra o São Paulo no Morumbi e isso, por si só, explica o resultado negativo por 3 a 1 na decisão do Paulistão. Problemas de arbitragem, como o pênalti que só é pênalti no futebol brasileiro, não podem justificar uma apresentação fraca e ruim diante de um rival inflamado por sua torcida (60 mil no estádio) e bem postado, com  mais vontade e vibração e que viu nos 90 minutos oportunidades de fazer seus gols. O São Paulo nunca desistiu do jogo, como o Palmeiras já fez em partidas passadas, abrindo mão do ataque para "descansar" seus jogadores em campo. Por isso é preciso respeitar o time de Rogério Ceni. Certamente o segundo jogo será diferente, com o Palmeiras mandando e tentando de todas as formas fazer os gols que precisa. Nada está decidido, embora a vantagem do tricolor seja muito boa. O Allianz Parque vai receber 30 mil torcedores porque parte do estádio estará fechado por causa de um show.

Abel Ferreira não deveria reclamar da arbitragem e manter foco em sua equipe para o segundo jogo da final Foto: Alex Silva/Estadão

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A imagem de Abel Ferreira sentado no banco de reservas é bastante emblemática do que foi a partida. Estava, como o seu time, de guardas baixas, entregue no campo e sem encontrar saídas. Dudu e Raphael Veiga não foram os protagonistas que costumam ser, apesar de Veiga ter ajudado muito com seu gol no fim. Ele foi melhor do que Dudu. Rony foi Rony. Estabanado e sem qualquer leitura de posicionamento ou do que fazer com a bola. Ele é assim, e assim tem sido útil para o time. Desta vez, não foi. Na frieza dos gols, o primeiro do São Paulo foi de um pênalti no mínimo esquisito e o segundo de uma bola desviada em chute de fora da área. Há, claro, méritos nas jogadas e nos arremates. O Palmeiras teve chance de marcar, até antes dos donos da casa, diga-se, mas o time de Ceni foi envolvendo o visitante e abrindo caminho para a vitória, bonita e importante, em direção ao bicampeonato estadual. Jogou mais, correu mais, acreditou mais, vibrou mais.

Abel Ferreira apontou sua ira para o VAR. Fácil. Todos nós sabemos da fragilidade da arbitragem. Essa turma não entende bem as regras ou o próprio futebol. Porque uma coisa não anda batendo com a outra. Não foi uma mancha, como disse Abel, apenas desta primeira partida da decisão. Trata-se de um problema desde que o VAR foi implementado no Brasil. Os caras são péssimos. Reclamar não adianta mais. Todos reclamam. E todos têm razão. A patota do VAR gosta de aparecer. E de mostrar seus patrocinadores. Porque eles não deveria aparecer.  A choradeira tem de dar lugar às ações, ao trabalho, às escolhas das pessoas certas, ao treinamento mais aprimorado, às mudanças, à união dos clubes, dos jogadores e das entidades responsáveis. Enquanto o futebol brasileiro não sair dessa mesmice de seus dirigentes, que aceitam tudo e só olham para seus próprios umbigos, o futebol continuará manchado. Isso vem de anos. Aceitar as derrotas nos 90 minutos é muito difícil para treinadores, atletas e dirigentes, mas eles fazem isso todos os dias durante o ano quando se calam, quando concordam com o errado e duvidoso, quando não reclamam das orientações absurdas, quando se ajoelham por interesses imediatos e menores. Abel está chegando agora ao futebol brasileiro e se ele quiser ser, de fato, relevante, deveria começar reunindo seus colegas de profissão em ações mais efetivas para a classe. Como? Não sei. Mas o primeiro passo tem de ser dado. O resto é choradeira de perdedor. 

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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