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Abuda tem nova chance no Corinthians

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Por Agencia Estado
Atualização:

Das ruas de São Luís, no Maranhão, para o elenco profissional do Corinthians. Do time corintiano para as noitadas em São Paulo. Das baladas para o "exílio" no alojamento do clube em Itaquera. Do castigo para um estágio no Chelsea. Do bilionário clube inglês para uma equipe da terceira divisão paulista (Mauaense). E de lá a volta ao grupo de titulares do Parque de São Jorge. Abuda está só com 19 anos, mas já tem muita história para contar. Nasceu pobre e passou por dificuldades desde a infância. Mas também já teve boas oportunidades que, como ele próprio admite, não soube aproveitar. "E agora tenho mais uma chance de dar a volta por cima", afirmou Abuda, provável camisa 9 do time de Márcio Bittencourt no jogo contra o Flamengo, domingo, em Mogi Mirim. "Espero corresponder à confiança de todos." "Todos" são a comissão técnica e a diretoria corintiana, que resolveram resgatá-lo do time de juniores devido à escassez de atacantes no elenco profissional. E "todos" são também a mãe e os quatro irmãos mais velhos, desempregados e passando por sérias dificuldades em São Luiz, no Maranhão. "Apesar de ser o caçula, sou eu quem sustento minha família", contou Abuda. "Desde pequeno eu tive que me virar. Meu pai saiu de casa quando eu ainda era moleque. Com 9 anos, tive que começar a trabalhar para ajudar minha mãe", revelou o atacante do Corinthians. Abuda era "flanelinha" nas ruas de São Luís. Tomava conta dos carros em troca de algumas moedas. Anos mais tarde, graças ao futebol, passou a ganhar alguns milhares de reais como profissional do clube de segunda maior torcida no País. Com o dinheiro, vieram a fama e os problemas. "Eu não tive cabeça para administrar tudo. Não tive estrutura. Se minha família estivesse comigo, talvez eu tivesse suportado", admitiu. No auge, chamando a atenção de críticos e torcedores com apenas 17 anos, e convocado para as seleções brasileiras de base, Abuda passou a "cair na noite". Gastava o salário nas baladas. Estava deslumbrado. "As mulheres me atrapalharam. O assédio era muito grande." A qualidade do futebol despencou e Abuda foi afastado do elenco principal. Do luxuoso apartamento em que vivia com seu empresário, um argentino chamado Fernando e cujo sobrenome ele diz não se lembrar, o jovem jogador foi para os alojamentos do Corinthians em Itaquera, zona leste de São Paulo. "Foi um período difícil, mas que acabou sendo bom pra mim. Pensei bastante nas coisas. Hoje estou mais maduro." Não havia mais câmeras ou microfones. Nem baladas e mulheres. Só treino, treino, treino. Até que, do nada, surgiu uma esperança que mais parecia um sonho: um estágio no poderoso Chelsea, do bilionário russo Roman Abramovich. "Meu empresário conseguiu pra mim. Foram duas semanas treinando lá na Inglaterra. O (técnico português) José Mourinho gostou de mim e disse que eu tinha muito futuro. Mas houve um problema com o Corinthians e eu tive que voltar para o Brasil", revelou. Era setembro do ano passado. Foram só 15 dias de convivência com Lampard, Drogba e outras feras do Chelsea. Mas que valeram a pena para Abuda. "Aprendi muito, principalmente com os portugueses do time (o zagueiro Ricardo Carvalho, o lateral Paulo Ferreira e o volante Tiago). Todos foram muito gente boa comigo." Por ironia do destino, apenas quatro meses depois, Abuda foi parar na Mauaense, time da terceira divisão paulista que é uma espécie de "Corinthians B". Ou seja: ele foi de Londres para Mauá. Sem escalas. "Foram só duas semanas e nem cheguei a jogar. Claro que foi uma situação estranha ir do Chelsea pra lá (Mauaense). Fiz o que a diretoria me mandou fazer", explicou. E a diretoria agora o mandou voltar ao time profissional do Corinthians. Se o técnico Márcio Bittencourt mantiver o que vem treinando, Abuda veste a camisa 9 corintiana contra o Flamengo, em Mogi. "Vou agarrar mais essa chance com unhas e dentes. Não vou bobear de novo. Já errei muito e agora não erro mais", prometeu o garoto. "Vou trazer minha mãe e minha noiva de São Luís para morarem comigo em São Paulo. Com elas por perto, eu não erro mais."

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