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Presidente da federação dos EUA renuncia após escândalo de discriminação de gênero

Dirigente havia escrito em documentos que mulheres da seleção, como Rapinoe, tinham menos capacidade física e responsabilidade do que os homens da mesma modalidade

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Por Redação
Atualização:

Carlos Cordeiro renunciou à presidência da Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF, na sigla em inglês), na noite de quinta-feira, após a revelação, em documentos legais apresentados em um processo de discriminação de gênero, de que a entidade alegou que as jogadoras da seleção nacional, como Rapinoe, tinham menos capacidade física e responsabilidade do que seus colegas do time masculino. Sua decisão levou a ex-meio-campista Cindy Parlow Cone a se tornar a primeira mulher presidente da história da federação em 107 anos.

Cordeiro anunciou sua renúncia em publicação no Twitter. Ele deixou o cargo depois de vários membros do conselho da USSF emitirem repreensões em que criticavam as alegações do órgão. Entre eles estavam o comissário da MLS, Don Garber, e a própria Parlow Cone, até então vice-presidente da federação.

Carlos Cordeiro deixou a direção da federação americana após escândalo Foto: Porter Binks/Efe

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Na noite de quarta-feira, em protesto, as jogadoras da seleção dos EUA esconderam o brasão da federação antes de um jogo contra o Japão, pelo torneio amistoso She Believes Cup. Mas elas deixaram as quatro estrelas - uma para cada título mundial - visíveis. E não sorriram na foto do time antes do jogo. Vários patrocinadores da federação emitiram declarações esta semana apoiando as jogadoras e condenando a USSF, incluindo a Coca-Cola, a Anheuser Busch, a Procter & Gamble e o Grupo Volkswagen.

Cordeiro disse que decidiu deixar o cargo após conversas com o conselho da USSF. "Ficou claro para mim que o melhor agora é uma nova direção", escreveu Cordeiro. "Os argumentos e a linguagem contidos nos documentos legais desta semana causaram grande ofensa e dor, especialmente às jogadoras extraordinárias da seleção feminina que merecem o melhor. Foi inaceitável e imperdoável", acrescentou. "Não tive a oportunidade de revisar completamente o documento antes de ser submetido, e assumo a responsabilidade por não o fazer. Se tivesse feito isso, teria contestado a linguagem", escreveu.

Os documentos foram submetidos a um tribunal federal em Los Angeles como parte da defesa da USSF no processo de discriminação de gênero movido por jogadores da seleção nacional feminina. Elas alegam que não foram pagos igualmente à equipe nacional masculina e pedem mais de US$ 66 milhões (aproximadamente R$ 312 milhões, na cotação atual) em danos. Um julgamento está agendado para 5 de maio.

"Embora seja gratificante haver um clamor ensurdecedor contra a flagrante misoginia da USSF, a cultura e as políticas sexistas supervisionadas por Carlos Cordeiro foram aprovadas há anos pelo conselho de administração da USSF", disse Molly Levinson, porta-voz dos jogadores. "Esta instituição deve mudar, apoiar e pagar as jogadoras de forma igual".

Cordeiro tinha emitido um pedido de desculpas por causa dos documento na quarta-feira à noite, enquanto que a equipe feminina ainda estava em campo contra o Japão. Ele acrescentou que a federação contratou novos advogados.

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Parlow Cone, agora com 41 anos, marcou 75 gols em 158 jogos pelos Estados Unidos de 1995 a 2006, vencendo o Mundial de 1999 e ganhando duas medalhas de ouro olímpicas. Ela foi eleita vice-presidente da USSF em 2019. A ex-jogadora atuará como presidente da federação até fevereiro de 2021. Será realizada votação para concluir o mandato de Cordeiro, que vai até a eleição para um mandato de quatro anos em 2022.

Ela elogiou Cordeiro, o chamando de "um homem de bom coração". "A paixão que veio à tona nos últimos dois dias é o que me inspira a olhar para frente, trabalhar duro para consertar relacionamentos e levar o jogo adiante para todos", disse, em comunicado divulgado pela federação.

Cordeiro foi eleito para chefiar a USSF há dois anos, substituindo Sunil Gulati, que decidiu não concorrer a novo mandato depois da seleção masculina não se classificar para a Copa do Mundo de 2018.

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