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Adriano: do apogeu à ameaça do ostracismo

Sucesso meteórico é ameaçado pelas atitudes do jogador fora de campo

Por Alan Rafael Villaverde
Atualização:

Públio Élio Trajano Adriano. Este é o nome do imperador que governou Roma entre os anos 117 e 138. Seu comando é tido por historiadores como conciliador e harmônico, com uma notável tendência para o desenvolvimento cultural, arquitetônico e artístico. Adriano Leite Ribeiro. Este é o nome do atacante que ganhou o direito de carregar o apelido de "Imperador" por ser homônimo do imperador da dinastia dos Antoninos. Os dois, no entanto, têm pouco em comum. Veja também:  Adriano pode ter contrato rescindido neste sábado  Adriano atrasa no treino e ameaça bater em fotógrafo  Porsche de Adriano se envolve em acidente em São Paulo Nascido e criado na cidade do Rio de Janeiro, Adriano, assim como muitos brasileiros, sonhava em jogar pelo Flamengo como profissional, sonho que realizou no dia 6 de fevereiro de 2000, no torneio Rio-São Paulo, quando, como titular, marcou seu primeiro gol na vitória flamenguista por 5 a 2 justamente diante do São Paulo, no Morumbi. Apesar da boa estréia, Adriano continuava a configurar no banco de reservas da equipe carioca, quando foi convocado pelo técnico Emerson Leão para a partida diante da Colômbia, pelas Eliminatórias à Copa do Mundo de 2002. Na época, uma grande surpresa. A diretoria do Flamengo, no entanto, não confiava muito em seu potencial, e o envolveu na negociação para trazer o meio-campista Vampeta, que não se adaptou na Inter de Milão, que, em troca, ficou com o atacante. E, como havia feito em sua estréia como titular no clube rubro-negro, Adriano marcou logo em sua estréia pela Inter de Milão, em partida diante do Real Madrid.  Depois de tal gol, Adriano amargou um jejum de 13 jogos e foi emprestado para Fiorentina. Com mais espaço no elenco, o jogador marcou seis gols em apenas 15 jogos, sendo negociado na temporada 2002 para o Parma, disputando 44 partidas pela equipe, com 27 gols. O sucesso fez com que a Inter de Milão reintegrasse Adriano ao seu elenco em 2004, e sua carreira disparou, e o apelido Imperador surgiu com muita força, já que o atacante marcou 66 gols em 141 jogos disputados. Além de alcançar o prestígio num dos principais clubes da Europa, Adriano ganhou uma nova chance na seleção brasileira, e não decepcionou. O atacante foi o destaque da conquista do Brasil da Copa América de 2004, com um gol no último minuto diante da rival Argentina. Em quatro anos, Adriano alcançara o estrelato no futebol mundial, que foi comprovado na Copa das Confederações de 2005, disputado na Alemanha. O jogador integrou o "quarteto mágico" da seleção - que contava com Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, batendo a Argentina na final com um show de gala, que credenciava a seleção ao título da Copa do Mundo de 2006. Sua carreira, no entanto, começou a declinar justamente após tal competição. A morte de seu pai foi um baque muito grande, assim como a separação de sua antiga namorada, com quem tem um filho. Aos poucos, Adriano começou a freqüentar baladas na cidade de Milão e no Rio de Janeiro, encontrando nas bebidas, de acordo com a imprensa italiana, conforto para os problemas pessoais pelos quais passava. Tido como o "novo Ronaldo", Adriano compôs o ataque da seleção brasileira ao lado do ídolo Ronaldo em 2006, mas o fiasco na Alemanha o colocou na lista dos "culpados". Já sem o apoio da torcida brasileira, Adriano voltou-se para a Inter de Milão, que também não estava disposta a lidar com seus problemas pessoais, especialmente o técnico Roberto Mancini, que o colocava insistentemente no banco de reservas. Irritado com tal situação, Adriano criou desavenças no elenco do clube milanês e, de quebra, a má fama de baladeiro, uma vez que a imprensa italiana não parava de perseguí-lo.  Deixado de lado pela Inter de Milão e passando por problemas psicológicos, Adriano, apoiado por seu empresário, o ex-goleiro Gilmar Rinaldi, deixou o clima tenso de Milão para recuperar-se no Reffis do São Paulo, em novembro do ano passado. Ao ver o apoio recebido, e querendo ficar mais perto de sua família e amigos, Adriano conseguiu ser emprestado para o São Paulo até o final da Copa Libertadores deste ano. A negociação era tida como um grande negócio para o clube são-paulino, que contaria com um dos principais atacantes da atualidade. Sua estréia no São Paulo não poderia ter sido melhor: dois gols que deram a vitória por 2 a 1 diante do Guaratinguetá, na primeira rodada do Campeonato Paulista. Jornais italianos destacaram sua performance e o Imperador dava mostras que estava de volta à velha forma. Os números 2000-01 - Flamengo - 14 gols em 45 jogos 2001-02 - Inter de Milão - 1 gol em14 jogos 2002 - Fiorentina - 6 gols em 15 jogos 2002-04 - Parma -  27 gols em 44 partidas 2004-07 -Inter de Milão - 66 gols em 141 partidas 2008 - São Paulo - quatro gols em nove partidas Seleção brasileira - 25 gols em 37 partidas Prêmios Melhor jogador da Copa América de 2004 Melhor jogador da Copa das Confederações de 2005Aos poucos, no entanto, Adriano viu seu futebol ser novamente contestado. Agora não mais pela imprensa italiana, mas pela imprensa brasileira e mundial, sendo alvo de brincadeiras até pelos jornais colombianos, que deram-lhe o título de "Imperador Louco",antes da estréia do São Paulo diante do Atlético Nacional (COL), pela Libertadores. Já meios de comunicação italianos garantem que o estilo de vida de Adriano não havia mudado, colocando-o num relacionamento com a modelo Viviane Castro, que ficou famosa por desfilar pela escola de samba São Clemente, do Rio de Janeiro, com um tapa-sexo de apenas 4 cm. Os indícios de que os problemas do jogador não haviam acabado apareceram nos mínimos detalhes, como seu desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos, após o empate em 1 a 1 do São Paulo diante do Atlético Nacional. O jogador não vestia as roupas do clube, como os outros atletas, e deixou o saguão do aeroporto sem conceder entrevistas. Diretores do São Paulo minimizaram o fato, ocorrido na quinta-feira. O "inferno astral" de Adriano, no entanto, ganharia mais um capítulo. Nesta sexta-feira, o atleta chegou ao CT da Barra Funda atrasado, fez seus trabalhos físicos rapidamente e deixou o clube sem a permissão da comissão técnica. Para piorar, chegou a ameaçar um fotógrafo que tentava capturar o momento de sua saída apressada. Tal ato irritou a diretoria do São Paulo. Em entrevista coletiva, o superintendente do clube, Marco Aurélio Cunha, tentou apaziguar os ânimos, mas deixou claro que o São Paulo não necessita do jogador. O "amor e carinho" entre as duas partes terminaram, e uma multa de 40% de seu salário foi imposta. Arrependido pelos episódios recentes, Adriano pediu desculpas aos companheiros. Agora, Adriano terá que passar por mais este entrevero se quiser provar a todos que tem condições de voltar a merecer o apelido de Imperador que recebeu em sua época áurea na Inter de Milão. Com apenas 26 anos, o jogador vê seu futuro no futebol em cheque. O reinado do Imperador Adriano durou por 21 anos. Quanto durará o reinado do jogador Adriano? Só ele tem a resposta. Alterado às 15h40 para acréscimo de informação