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África do Sul vai sediar Copa de 2010

Por Agencia Estado
Atualização:

A Copa do Mundo de 2010 será realizada na África do Sul. Dos 24 membros do o Comitê Executivo da Fifa que neste sábado escolheram a sede do evento, 14 deram seus votos aos sul-africanos, entre eles o Brasil, contra dez votos para Marrocos. Apesar de conseguir recuperar o mal-estar causado em 2000 quando a África do Sul foi derrotada pela Alemanha por apenas um voto para sediar a Copa de 2006, a Fifa não evitou outra polêmica: o primeiro país africano que sediará um Mundial não recebeu sequer um voto dos demais países africanos que fazem parte do Comitê Executivo da entidade máxima do futebol. A África do Sul já aparecia com um dos destaques depois do sentimento de injustiça que prevaleceu na comunidade esportiva diante da vitória da Alemanha para sediar o Mundial de 2006. A campanha sul-africana contou ainda com poderosos garotos-propaganda, como o ex-presidente Nelson Mandela, e recursos de mais de US$ 17,5 milhões para fazer lobby. A confirmação do favoritismo da África do Sul foi dada quando a Fifa divulgou seu relatório técnico sobre as candidaturas para 2010. Segundo o documento, os sul-africanos teriam chances de organizar uma "excelente" Copa do Mundo e dos 13 estádios que seriam necessários para o Mundial, apenas quatro precisariam ser construídos do zero. A vitória ainda foi considerada como uma das melhores formas de dar à África do Sul o incentivo final para o desenvolvimento e a unidade do país depois de décadas fora das competições e da política internacional por causa do Apartheid. A esperança dos sul-africanos é de que o Mundial renda mais de US$ 20 bilhões ao país e cerca de 150 mil novos postos de trabalho. Votação - Apesar de vencer a eleição já no primeiro turno, os sul-africanos foram surpreendidos pela oposição dos demais países africanos. Mali e Camarões votaram pela candidatura de Marrocos. A Tunísia, depois de desisitir de sua própria candidatura um dia antes da votação, optou também pelo marroquinos. Até mesmo o delegado de Bostuana, Ismail Bhamjee, que nasceu na África do Sul, votou por Marrocos em resposta contra falta de apoio de Johanesburgo em sua candidatura para liderar a Conferederação Africana de Futebol. Os marroquinos ainda receberam os votos de dois países asiáticos e da Espanha e a França, representada por Michel Platini. Marrocos, que tentava pela quarta vez sediar a Copa, acusou ainda o presidente da Fifa, Joseph Blatter, de ter influenciado a votação. As acusações de Rabat foi respondida de forma enérgica por Blatter: "Não aceito esse tipo de comentários". Just Fontaine, atacante que atuou pela França na Copa de 1958 e nascido em Marrocos, deixou claro sua frustração e lembrou que a decisão havia sido tomada não levando em conta os aspectos esportivos. Críticos apontam que a seleção nacional ocupa apenas a 40a colocação no ranking da Fifa. Logo após o resultado, o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, se apressou para enviar uma mensagem de Pretória de que "a África do Sul será o lar para toda a África" durante o Mundial. Nelson Mandela, que não escondia seu entusiasmo em Zurique apesar de seus 85 anos, também se mostrou ciente de que os sul-africanos conquistaram o direito de sediar o evento sem o apoio de seu próprio continente. "Precisamos receber a vitória como humildade pois somos todos iguais", afirmou, encorajando os países que não venceram a "competir nas próximas ocasiões". A "próxima ocasião" para os africanos, se a rotação prometida pela Fifa de fato ocorrer, será em 2030. A vitória sul-africana foi obtida em parte graças aos delegados da América do Sul, Caribe e América do Norte, que votaram em uníssono. Ricardo Teixeira, da CBF, o argentino Julio Grondona, Nicolaz Leoz do Paraguai, os Estados Unidos e a Costa Rica optaram pelos sul-africanos. Na Europa, os votos da Suíça, Suécia e da própria Alemanha também contribuíram. Segundo revelou ao Estado um porta-voz do governo de Pretória, o Brasil já havia prometido seu voto e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria manifestado seu apoio quando visitou os sul-africanos há poucos meses. Fracassos - Para os demais candidatos, a campanha para a Copa de 2010 foi um festival de fracassos. O Egito não conseguiu um só voto, o que deixou delegação constrangida. Um dia antes, a Tunísia anunciou que se retirava da competição já que a Fifa havia dito que não aceitaria um evento com jogos em dois países, como queria Túnis. Neste sábado, foi a vez da Líbia ser obrigada a sair da competição. Oficialmente, a Fifa anunciou que o país não "cumpriu todos as exigências" para sediar o evento. Fontes extra-oficiais, porém, alertavam que o motivo teria sido a recusa dos líbios em aceitar que jogadores de Israel participassem do Mundial caso fossem classificados. Das 17 Copas realizadas desde 1930, nove ocorreram na Europa, sete nas Américas, e uma na Ásia. O próximo evento da Fifa ocorre em 2006 na Alemanha e, para 2014, o grande favorito é o Brasil, que agora espera contar com o apoio dos sul-africanos. Veja quem votou em quem: ÁFRICA DO SUL: Suíça, Argentina, Escócia, Suécia,Trinidad, Costa Rica, Paraguai, Brasil, Estados Unidos, Tailândia, Rússia, Alemanha, Tonga e Japão. MARROCOS: Camarões, Coréia, Espanha, França, Bélgica, Tunísia, Catar, Turquia, Botsuana e Mali. EGITO: Nenhum voto Líbia: Desqualificada Tunísia: Retirou candidatura

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