Agnelo quer estádio de Brasília com cadeiras vermelhas

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Por Rosa Costa
Atualização:

Idealizado com as cadeiras nas cores do País - verde, amarela e azul -, o projeto do Estádio Nacional de Brasília sofreu um atropelo. Se depender do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), as cadeiras serão feitas na cor vermelha, como o logotipo e outras marcas que identificam o PT. A mudança é alvo de uma ação encaminhada à Promotoria do Patrimônio Público do DF. Os promotores aguardam uma nota técnica para decidir sobre a mudança. Mas a maquete do estádio está como foi projetada, com os assentos lembrando a Bandeira Nacional.Especializado em arquitetura esportiva e responsável pela edificação, o arquiteto Eduardo de Castro Mello afirma que a ideia inicial seria a de manter a área vip na cor azul, "significando a hospitalidade". Já os assentos das arquibancadas iriam variar do amarelo claro ao verde, "salpicados como uma galinha carijó", compara. Ele informa que o procedimento, também utilizado na África do Sul para a Copa de 2010, além de repetir as cores do País, passa a impressão de que o estádio está lotado, mesmo quando isso não ocorre.Castro Mello deixa claro que não quer alimentar a polêmica com o governador do Distrito Federal. "A gente apresenta as cores, mas não levamos nada para o lado político, a decisão é do cliente", ressalva. Ele diz ainda ter descartado o vermelho nos assentos para evitar a "sobreposição" prevista para estádios de outras localidades que sediarão jogos da Copa de 2014.Com capacidade para 70 mil pessoas, o Estádio Nacional de Brasília deve ser entregue na virada do ano. E será palco do jogo de abertura da Copa das Confederações, no dia 15 de junho de 2013, além de receber sete partidas no Mundial de 2014.A assessoria de comunicação do governador Agnelo Queiroz informa que as obras do estádio custarão R$ 800 milhões. Os senadores por Brasília, Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB), afirmaram na tribuna que o preço superou a casa de R$ 1 bilhão, enquanto que pessoas próximas ao governador preveem que custará mais de R$ 1,5 bilhão.A assessoria de Agnelo Queiroz diz ainda que a escolha das cores das cadeiras foi uma decisão técnica da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de Brasília (Secopa-DF). "Não houve alteração, já que o edital de licitação das cadeiras afirmava que as cores ainda seriam definidas", afirma, ignorando a sugestão do projeto aplicada na maquete da obra. "Baseado em experiência de outros estádios do Brasil e do mundo, a secretária escolheu o vermelho para os assentos da arena e a cor vinho para os camarotes", acrescenta. Outra explicação oficial é que o vermelho facilita a substituição das cadeiras, apesar de se tratar de uma das cores mais sujeitas ao desbotamento. "A Secopa-DF avaliou que, com o passar do tempo, o oposto ocorre com as demais cores. O verde, sob impacto do sol, torna-se cinza; o amarelo fica com aspecto de sujo", informa ainda a nota da assessoria. Ou seja, alegam que só o vermelho resiste ao sol e ao tempo.O impasse ocorre oito anos depois de a então primeira-dama Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tentar homenagear o PT mandando fazer nos jardins do Palácio da Alvorada canteiros com flores vermelhas no formato da estrela do partido. O escândalo foi tal que ela desistiu da ideia, aparentemente retomada agora pelo governador petista com outra forma de homenagem.

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