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Alemães ainda pecam na organização

Por Agencia Estado
Atualização:

Os alemães estão preocupados com a eficiência na organização de seu segundo Mundial. Franz Beckenbauer tem reafirmado, nos encontros com os convidados para a Copa das Confederações, a necessidade de receber observações, comentários, críticas, sugestões para que o torneio de 2006 seja impecável. O presidente do Comitê Organizador local sabe como poucos como é complexa a teia que envolve o maior evento do esporte. "Até agora, diria que 95% do que vi está muito bom", ponderou Carlos Alberto Parreira, também diplomático no trato com os anfitriões. Na avaliação do treinador brasileiro, campos, estádios e locais de treinamento se encontram em condições excelentes. Os deslocamentos da seleção também têm sido eficientes, sempre por avião - embora alguns sejam muito pequenos, a ponto de a bagagem seguir por caminhão. Falta aos alemães um pouco mais de jogo de cintura. Eles prezam a disciplina, o rigor, o método - e não é por acaso que se tornaram um dos povos com mior índice de desenvolvimento no mundo. Mas, como é comum em quem segue à risca regulamentos e determinações, o inusitado surpreende, cria conflito, choca. Isso pode resultar em situações constrangedoras, para competidores, turistas e jornalistas. Zico, por exemplo, sentiu na pele como o lema "ordens são ordens" pode ser embaraçoso. No meio da semana, recebeu uma equipe de tevê para entrevista, no lobby do hotel em Hannover (o mesmo em que está a seleção) e foi surpreendido por uma reação intempestiva de um segurança. "Não é permitida a entrada de câmeras no saguão do hotel", disse-lhe o rapaz, sob a alegação de que era determinação da Fifa. Pouco adiantou que o Galinho dissesse que havia concordado em falar com o jornalista. Em Leverkusen, os funcionários do Bayer foram gentis com os repórteres, mas não souberam explicar por que anotavam o nome de cada um que entrava para ver o treino, uma vez que todos tinham as credenciais oficiais, entregues pela Fifa apenas para quem estava autorizado a usá-las. Isso fez com que se formassem filas (pequenas, é verdade), mas desnecessárias, à entrada do estádio Bay Arena. A Fifa também dá suas mancadas. Antes do jogo entre Brasil e Grécia, foram distribuídas poucas senhas para a entrevista que os treinadores concedem assim que saem de campo. A alegação era a de que os jornalistas deveriam optar entre ouvir os técnicos ou os jogadores. No momento em que Parreira, entrou na sala, havia uns poucos gatos pingados sentados, dezenas de cadeiras vazias e um batalhão de repórteres atrás da barreira formada por voluntários. Até que alguém, com bom senso, percebeu o ridículo da cena, e liberou a passagem de quem estava lá só a trabalho. Há também desencontro de informações. A Fifa e a empresa ferroviária alemã fizeram acordo para conceder desconto nas viagens de trens para os credenciados para a Copa das Confederações. Benefício que deve estender-se no período do Mundial. Só que, uma vez dentro dos comboios, o freguês é barrado pelos controladores, que não concordam com a tarifa reduzida, porque não está no regulamento. Já houve pequenos incidentes por isso. A segurança também será questionada. Nos últimos dias, houve manifestação, em Colônia, de grupos de torcedores, revoltados com o excesso de rigor policial antes e depois dos jogos de futebol. O controle aumentou muito, recentemente, já de olho na Copa. Há quem considere abusivo o poder dado aos agentes de segurança. Enfim, detalhes que podem ser corrigidos. Mas que ninguém se iluda: o alemão não tem a maleabilidade de italianos, portugueses, espanhóis. Muito menos a permissividade brasileira. Mesmo assim, com tato, se dá um jeitinho...

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