Ameaçada após tragédia, controladora de voo se defende: 'Fiz o que era possível'

Yaneth Molina foi a última pessoa a conversar com o piloto antes da queda do avião

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Por Redação
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Yaneth Molina é uma das pessoas mais comentadas nos últimos dias. Responsável por conversar com o piloto Miguel Quiroga, da LaMia, minutos antes da queda do avião que vitimou 71 pessoas, incluindo toda a delegação da Chapecoense, que estava a caminho de Medellín, onde enfrentaria o Atlético Nacional no primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, a controladora admitiu estar sofrendo muito com a tragédia e, em carta aberta divulgada pela TV Caracol, ela falou sobre ameaças que recebeu após o ocorrido e também fez questão de se defender e dizer que fez o que era possível.

"Por minha família e por esse trabalho que valorizo e respeito, posso afirmar com absoluta certeza que de minha parte, fiz o que era humanamente possível e o tecnicamente obrigatório para preservar a vida dos usuários de transporte aéreo. Lamentavelmente, meus esforços foram insuficientes por razões que todos vocês conhecem", disse.

Responsável por ordenar que o voo da LaMia esperasse antes de aterrissar, pois outro voo, da empresa Viva Colombia, estava com vazamento de combustível e precisava retornar ao aeroporto de Medellin com emergência, Yaneth lamentou a repercussão dos áudios divulgados e considera que os fatos foram distorcidos. "Meus colegas jornalistas conseguiram que pessoas ignorantes e alheias a este ofício, sobretudo os que ignoram os procedimentos, ameacem a minha integridade física e minha tranquilidade pessoal. As quais estou analisando soluções a respeito de quais espero discutir com a direção da entidade".

Veja a carta na íntegra:

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Queridos companheiros:

É reconfortante para mim saber que ainda neste meio tão difícil conto com o apoio de vocês. De todos os cantos do país me enviaram mensagens reconfortantes e de apoio neste difícil momento da minha vida profissional. Tenho de agradecer vocês de antemão e com o coração todo seu apoio.

Nosso trabalho é tão especial que hoje me coloquei nestas circunstâncias onde tenho de enfrentar a crueldade da realidade que resultou deste impasse.

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Por minha família e por esse trabalho que valorizo e respeito, posso afirmar com absoluta certeza que de minha parte fiz o humanamente possível e o tecnicamente obrigatório para conservar a vida desses usuários do transporte aéreo. Lamentavelmente, meus esforços foram em vão por razões que vocês todos conhecem. Hoje, a vida me colocou nesta desagradável posição de saber enfrentar uma situação como a do último dia 28. Situação a qual nosso trabalho nos vemos expostos todos os dias, todos os turnos. Essa vez, aconteceu comigo e reitero a vocês que manifestaram seu apoio, que tudo que eu fiz frequentemente foi preservar a integridade dos ocupantes dessa aeronave, principalmente, e dos ocupantes dos outros aviões que estavam sob minha responsabilidade.

Lamentavelmente, meus colegas jornalistas conseguiram que pessoas ignorantes e alheias a essa profissão, principalmente os que ignoram os procedimentos, ameaçassem minha integridade física e minha tranquilidade pessoa. Por isso, estou analisando soluções a respeito dos quais espero discutir com a direção da entidade.

Com todo meu respeito, de todo coração,

Yaneth Molina

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