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América-MG, Fortaleza e Red Bull Bragantino: equipes emergentes no Brasil debutam na Libertadores

Dos nove times do País na competição, quatro não figuram no grupo dos 12 grandes; Atlético-PR completa a lista, que ontem ficou no empate diante do Caracas

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Por Redação
Atualização:

Uma nova ordem no futebol brasileiro ganha espaço nas competições mais disputadas do calendário anual. São clubes emergentes, mas bem geridos, que não sobram, mas que também não fazem feio. Eles têm dívidas quase zeradas, gestões "pés no chão" e bons resultados dentro das quatro linhas. Esse foi o caminho trilhado por quatro equipes consolidadas do futebol brasileiro que representam o País na Copa Libertadores deste ano. Tradicionalmente, campanhas de destaque são esperadas na disputa apenas dos 12 times considerados "grandes" na cultura do futebol nacional. Os quatro de São Paulo, os quatro do Rio, os dois de Minas e os dois do Rio Grande do Sul - tanto Grêmio quanto Vasco e ainda o Cruzeiro estão na Série B do Campeonato Brasileiro. Entretanto, essa realidade começou a mudar.

Enquanto equipes como Cruzeiro e Vasco, gigantes brasileiros, sofrem para retornar à Série A, Red Bull Bragantino e Athletico-PR protagonizaram a última final da Sul-Americana com destaque. Outro time que adquiriu status de protagonista foi o Fortaleza, que além de terminar o Brasileirão no G-4, foi semifinalista da Copa do Brasil e mantém há alguns anos uma condição regular nos campeonatos. Do ponto de vista financeiro, também há diferenças consideráveis entre os tais clubes emergentes e as agremiações mais tradicionais do Brasil. Alguns grandes do País, como Atlético-MG e Corinthians, possuem dívidas altíssimas, na casa de R$ 1 bilhão, uma vez que equipes que estão em ascensão têm em comum o equilíbrio financeiro.

Jailson foi decisivo para o América-MG chega à fase de grupos da Libertadores Foto: Mourão Panda/ América FC

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Ao se classificar para a fase de grupos da Libertadores, o América fez história em Minas. Estreante no torneio, o time tinha seis titulares que nunca haviam jogado a competição e eliminou o Barcelona, do Equador, equipe mais tradicional no torneio, que chegou à semifinal na última edição, sendo eliminado pelo Flamengo.

O clube mineiro montou o elenco com um orçamento limitado e, mesmo após perder jogadores como Ademir, Zárate, Eduardo Bauermann e Fabrício Daniel, manteve a base da equipe para atuar de forma competitiva. Esse, aliás, é um expediente comum dos times em crescimento: a manutenção de técnicos e elencos.

A Libertadores também traz retornos fora dos gramados. Na segunda etapa da fase prévia da Libertadores, ao eliminar o Guaraní-PAR, o América foi líder na taxa de engajamento entre os clubes da competição no Twitter, com 12% no índice de interação. Além disso, foi constatado um aumento significativo na quantidade de camisas vendidas pela agremiação.

"Nossas expectativas de venda do novo uniforme foram superadas. A boa fase da equipe ajuda muito, e a torcida aprovou o retorno das cores tradicionais. Aproveitando o momento, preparamos lançamentos especiais de produtos personalizados para o decorrer dessa temporada, que é especial para o clube e para a torcida", disse Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt Sport, fornecedora de material esportivo da equipe mineira.

QUASE GRANDE

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Com mais recursos financeiros e um projeto que se iniciou em 2019, o Red Bull Bragantino adotou a estratégia de investir em atletas promissores para colher bons resultados. Arthur, Helinho, Hyoran, Léo Ortiz, Bruno Praxedes e o goleiro Cleiton são exemplos de jogadores jovens que passaram por grandes equipes do País e foram contratados. Após vencer a Série B no primeiro ano de parceria, o clube tem se notabilizado pelas campanhas sólidas. No ano passado, a equipe bateu na trave e ficou com o vice-campeonato da Sul-Americana. Neste ano, disputará a Libertadores pela primeira vez na história.

Red Bull Bragantino aposta no longo trabalho de Barbieri para chegar longe na Libertadores Foto: Ari Ferreira/ Red Bull Bragantino

As caras novas da Libertadores são vistas em um momento em que o futebol brasileiro é protagonista no cenário internacional. Desde o Brasileirão de 2017, o Brasil passou a ter sete vagas no principal torneio da América do Sul: seis no Brasileirão e uma pela Copa do Brasil. Porém, com os títulos internacionais de Palmeiras e Athletico-PR, o País teve nove representantes na edição atual, com oito classificados para a fase de grupos. Apenas o Fluminense não conseguiu a vaga.

"Com menos investimentos, também temos uma margem de erro menor. Por isso, prezamos por uma gestão que busca ser competente nas decisões, de forma responsável. Utilizamos recursos tecnológicos e de análise de desempenho para mapear atletas e realizar investimentos de forma certeira. Cada erro custa caro, e a competitividade do Campeonato Brasileiro não permite deslizes", explica Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.

Fortaleza terá o Castelão cheio para estreia na Libertadores Foto: Fortaleza EC

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Na opinião de Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo, o Athletico-PR é um exemplo de clube que cava seu espaço entre os principais times brasileiros, embora não seja reconhecido como tal. "A estabilidade e a continuidade administrativa apresentadas pelo clube são aspectos que merecem destaque. O título da Copa do Brasil e o bi da Sul-Americana comprovam o novo patamar atingido pelo Athletico nos últimos anos", diz. Os times dessa nova ordem só têm um caminho: participar bem dos torneios e erguer taças.

Rui Costa, dirigente do São Paulo que passou pelo Athletico e Chapecoense, quando a equipe catarinense disputou a Libertadores, entende que o sucesso esportivo de um clube exige convicção e coragem. "Para elevar o nível de disputa e competir com grandes investimentos, é preciso tempo, resiliência, convicção e coragem. Só tem uma forma de enfrentar um rival com grandes diferenças de investimento: trilhar um caminho longo e desenvolver projetos esportivos para superar as diferenças técnicas. Claramente, sem uma proposta a médio e longo prazo, as disparidades econômicas prevalecem, e a discrepância em resultados e desempenho se tornam evidentes", entende o executivo.

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