Amistoso entre França e Argentina deixa Trezeguet dividido

´É a metade do meu coração. A Argentina é o país que me deu tudo dos 3 aos 17 anos´, disse o atacante da Juventus de Turim, que cresceu no país sul-americano

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Por Agencia Estado
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O atacante David Trezeguet ficará com o coração dividido no amistoso da próxima quarta-feira entre França e Argentina, em Paris: apesar de defender a camisa da seleção francesa, do país onde cresceu, enfrentará a nação de suas origens. Filho de argentinos, Trezeguet nasceu há 29 anos na cidade francesa de Rouen porque seu pai, também jogador de futebol, atuava no país. Mas aos três anos ele voltou à Argentina, onde posteriormente daria seus primeiros passos no futebol no Platense, graças ao seu tio. No momento de escolher o país que defenderia, optou pela França. E Trezeguet se deu bem: venceu a Copa do Mundo de 1998, a Eurocopa de 2000 e foi vice-campeão do Mundial do ano passado, na Alemanha - com o agravante de ter perdido o pênalti que custaria a perda do título. Mas ele nunca esqueceu suas raízes. Na quarta-feira, se for escalado pelo técnico Raymond Domenech, será a primeira vez que Trezeguet enfrentará a Argentina, que não enfrenta a França há quase 21 anos. "Sinto uma grande emoção. É a partida que queria jogar há muito tempo. Pode ser que não tenha outra chance de jogar contra eles. É algo a mais para mim", disse o atacante da Juventus de Turim. Sentimental, ele guarda boas lembranças do país de sua infância e não as esconde. "É a metade do meu coração. A Argentina é o país que me deu tudo dos 3 aos 17 anos", afirmou. A vitória da Argentina no Mundial de 1986, com a seleção comandada por Diego Maradona, é sua primeira alegria ligada ao esporte. "Eu estava no bairro da Florida e havia uma grande festa, era uma loucura. A Argentina era um país que tinha sofrido muito e ganhar um título desse nível emocionou muito. Ainda mais lá, onde o futebol é a vida", lembra. "Vivi toda minha vida com a imagem de Maradona levantando a Copa do Mundo", disse o jogador, confesso fã daquele que é considerado um dos melhores de todos os tempos. Trezeguet reconhece que sonhou vestir um dia a camisa da argentina, mas não se arrependeu de ter escolhido a França. O atacante entende a posição de Gonzalo Higuaín. Em situação similar à sua - nascido na França, mas tendo surgido para o futebol na Argentina -, o jogador do Real Madrid acabou optando pelo país de suas origens. "Há uma diferença entre nós. Quando fui chamado pela primeira vez, já jogava na França, falava francês e alguns dos meus companheiros de equipe estavam na seleção. Ele é uma estrela na Argentina, mas nunca jogou na França. Para mim era a opção mais fácil, para ele a mais delicada", afirmou. Além disso, o amistoso de quarta é uma boa chance de Trezeguet se reencontrar com uma seleção francesa que, magoado pela falha na final da Copa, quase deixou. O atacante, pouco utilizado no Mundial, entrou em campo na decisão e perdeu o pênalti decisivo. Ele chegou a pensar em encerrar a carreira na seleção, mas recebeu o carinho da torcida ao voltar a Paris e mudou de idéia. Domenech chama Flamini para lugar de Mexes Raymond Domenech, convocou nesta segunda-feira o volante Mathieu Flamini, do Arsenal, para o amistoso contra a Argentina, no lugar do zagueiro Philippe Mexes, da Roma, lesionado. Já Lilian Thuram e Sébastien Squillaci, também com problemas físicos, permaneceram com o grupo. Domenech chamou também o zagueiro Julien Rodríguez, do Olympique de Marselha, como medida de segurança ante os muitos jogadores de defesa com problemas.

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