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Ano de 2022 deve consolidar sucesso de plataformas de streaming esportivo

Disputa por direitos de transmissão de torneios de futebol na TV aberta permanece acirrada com a Lei do Mandante em vigor

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Por Redação
Atualização:

O ano de 2022 será um marco da consolidação das plataformas de streaming esportivo e da fragmentação dos direitos de transmissão dos campeonatos de futebol na TV, avaliam os especialistasJá neste início de temporada, a novidade começa com o Campeonato Paulista, que será transmitido pela Record na televisão aberta e em outras quatro plataformas entre pay-per-view e exibição na internet.

No ano passado, a Globo teve de enfrentar a concorrência de outras emissoras e viu minguar o seu monopólio de transmissão de eventos esportivos. Isso porque a Band, com a Fórmula 1, transmitiu uma temporada histórica e superou as expectativas dos telespectadores com uma cobertura de qualidade. E o SBT, que já tinha comprado os direitos de transmissão da Libertadores em 2020, fez mais duas aquisições: Liga dos Campeões até 2024 e Copa América até 2022. 

Direitos de transmissão do futebol brasileiro viraramfragmentados e serviços de streaming ganharam força Foto: Divulgação/Brasileirão

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Além desse aumento no leque de opções para acompanhar os jogos de futebol na televisão, as plataformas de streaming também apareceram com força, seja com produção de documentários esportivos ou com transmissão de campeonatos. A pandemia de covid-19 colaborou para a popularização do streaming no país. 

Segundo um estudo recente da consultoria britânica Kaizen, a média de horas de consumo por assinante de streaming na pandemia aumentou 61% em todo o planeta e, no Brasil, 69% dos assinantes aumentaram sua média de consumo. No primeiro mês após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado pandemia global, estima-se que a Netflix conquistou sozinha cerca de 16 milhões de novos assinantes em todo o mundo.

O levantamento revelou que as duas séries de maior audiência no período foram “Tiger King”, com mais de 34 milhões de visitantes únicos nos primeiros 10 dias, e “The Last Dance”, série documental sobre a explosão do Chicago Bulls, impulsionada pelo maior jogador da história do basquete, Michael Jordan.

O CEO da Feel The Match, Bruno Maia, entende que este tipo de projeto abre uma nova possibilidade de contar histórias no futebol e com capacidade de encantar e formar audiência. "Estamos presenciando uma nova fase da comunicação no esporte em que o entretenimento dá novas camadas para a história do futebol além do que acontece dentro de campo", diz Maia, diretor da série documental “Romário, o Cara”, com estreia prevista para o primeiro semestre deste ano.

Para Maia, a tendência é de que os conteúdos no streaming continuem crescendo de forma significativa por um período. "A multiplicação de canais é uma tendência e todos estão disputando seu espaço, seja com produtores de conteúdo ou algumas novas startups. Para quem é fã de esporte, há um cardápio mais extenso de conteúdos nessas plataformas. O esporte ainda tem grande peso para a audiência na TV a cabo, mas ele certamentecontinuará crescendo nas plataformas de streaming com a lei do mandante, a flexibilização dos direitos e com as mudanças que estão acontecendo agora, uma delas com narrativas diferentes que a do jornalismo ou a da transmissão. Costumo citar as séries The Last Dance, All or Nothing e Sunderland Até Morrer como exemplos de sucesso", aponta.

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Na visão de Guilherme Figueiredo, CEO da plataforma de streaming brasileira NSports, o esporte é um dos conteúdos mais beneficiados com o crescimento do streaming. "Com a possibilidade de transmissão de vários eventos simultaneamente e em dispositivos diferentes, a oferta de conteúdo disponível cresce muito para o fã e ainda abre espaço para outras modalidades além do futebol, já que não há mais a competição por espaço na grade, apenas a disputa por atenção do espectador, que pode fazer a sua escolha".

"A pandemia foi um fator que alavancou o hábito de consumo de conteúdo digital num curto espaço de tempo A necessidade de entretenimento durante o período da quarentena, a grande oferta que o esporte oferece em diversas categorias e modalidades e o interesse dos fãs de esportes formam uma combinação perfeita”, completa o executivo. 

Troféu de campeão do Paulistão, que será exibido em cinco plataformas diferentes em 2022 Foto: Renato Pizzutto/Paulistão

Felipe Soalheiro, diretor da agência SportBiz Consulting, especializada em marketing esportivo, afirma que o conteúdo esportivo se consolida cada vez mais como um dos mais valiosos ativos para cativar audiências. "Não estamos falando somente de direitos de transmissão de eventos ao vivo, e sim de todo tipo de conteúdo esportivo “fora de jogo”, como séries, filmes e documentários que retratam as histórias por trás do jogo, além de conteúdo exclusivo em social para lives e outras formas de explorar esse ativo nas redes". 

Direitos de transmissão

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Em 2022, com a Lei do Mandante (14.205) já em vigor, os clubes brasileiros têm, pelo menos no papel, uma maior autonomia e liberdade quando forem mandantes para comercializar seus direitos de transmissão com os veículos, além de fazerem sua própria captação das imagens da partida, o que deve provocar alterações significativas na grade esportiva da mídia brasileira. Antes da nova lei, que passou a vigorar no segundo semestre do ano passado, os times não podiam fechar os negócios sem o consentimento da equipe visitante. 

Desde que o projeto começou a ser discutido no Congresso Federal, a maior parte dos dirigentes do futebol brasileiro já manifestava uma opinião positiva a respeito da nova negra. Nelson Pires, membro do conselho de gestão do Internacional, afirma que este novo modelo pode trazer benefícios aos clubes. "O fato de podermos negociar as propriedades com mais versatilidade nos fortalece como marca e abre uma porta para nossas possibilidades com os torcedores e parceiros", opina o dirigente, que defende que as negociações ocorram em bloco, de maneira coletiva, modelo adotado pelas principais ligas no mundo.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, é outro dirigente que sempre se posicionou a favor da mudança dos direitos de transmissão do futebol brasileiro e segue uma linha de raciocínio parecida sobre a negociação coletiva. "Quem quiser negociar sozinho não terá força. Acredito que a Lei do Mandante fará com que os clubes sejam ainda mais protagonistas e tenham um poder de decisão maior no futebol", observa.

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