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Após reunião, CBF e Tite adiam acordo sobre seleção brasileira

Entidade fala em conversa incial e promete retomar contatos

Foto do author Marcio Dolzan
Foto do author Vitor Marques
Por Marcio Dolzan e Vitor Marques
Atualização:

Uma reunião de quase três horas na sede da CBF, no Rio de Janeiro, entre diretores e o técnico Tite não terminou em acordo. Segundo a diretoria de comunicação da entidade, as duas partes apenas tiveram uma conversa inicial sobre a sucessão de Dunga no comando da seleção brasileira e vão retomar o contato em breve, ainda sem data definida. A definição pode vir nesta quarta. Também nesta quarta-feira o técnico da seleção olímpica, Rogério Micale, ficará encarregado de apresentar a lista dos 35 pré-convocados para a disputa dos Jogos do Rio, a partir de agosto. Ainda não está definido se é ele quem comandar a equipe durante o torneio.

Tite adia decisão sobre assumir vaga de Dunga Foto: Nilton Fukuda|Estadão

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A reunião começou horas após a CBF implodir toda a comissão técnica da seleção. Às 15h, a entidade anunciara que o técnico Dunga, o coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi e toda a comissão técnica estavam dispensados. Naquele momento, Tite, que já havia se reunido com o presidente Roberto de Andrade, ainda comandava um treino do Corinthians e conversava com todo o elenco no centro do gramado do CT.

O técnico deixou o centro de treinamento do Corinthians por volta das 18h30 e viajou ao Rio de Janeiro para um encontro com Del Nero, em jatinho da CBF. O auxiliar Cleber Xavier estava junto. A dupla chegou à sede da entidade às 20h50 e se reuniu com o cartola para definir os detalhes do contrato. Tite quer trabalhar com sua comissão técnica e gostaria de contar com um profissional de confiança entre ele e o presidente da CBF.

Não havia multa contratual que impedisse o acerto com a CBF e o Corinthians também não dificultou a saída do treinador mais vitorioso de sua história. O clube já analisa nomes para substituí-lo. Tite, que já rejeitara um convite, entende que este é o seu momento de assumir a seleção. Ele considera que o Campeonato Brasileiro está apenas começando e que não prejudica o clube ao aceitar comandar a seleção. Em 2015, porém, ele assinou um manifesto pedindo a renúncia de Del Nero da presidente da CBF. Esse manifesto havia sido organizado pelo movimento Bom Senso FC.

DEMISSÃO

A decisão de demitir Dunga foi de Del Nero, que passou o dia recluso em seu gabinete, no terceiro andar. "Os resultados não vieram, e eu entendo a posição do presidente, trocando a comissão técnica toda. Apesar de eu ser mais da parte administrativa, eu sou o chefe da comissão e tenho essa responsabilidade", afirmou Gilmar Rinaldi logo após o encontro. Rinaldi procurou demonstrar resignação, mas não conseguiu esconder o semblante de abatimento. Mesmo assim, agradeceu o dirigente em dois momentos. "O presidente Marco Polo é a pessoa por quem eu sempre vou ser grato pela oportunidade que me deu de mais uma vez servir a seleção brasileira", disse.

Dunga, por sua vez, evitou a imprensa, tanto no desembarque em São Paulo, pela manhã, quanto ao chegar no Rio de Janeiro. Ele deixou a sede da CBF da mesma forma como chegou, pela garagem. Desde que assumiu a equipe pela segunda vez, em julho de 2014, Dunga apresentou desempenho invejável em partidas amistosas e pífio em jogos oficiais. Ele comandou o time em 13 amistosos (se considerarmos o Superclássico das Américas, em 2015), vencendo todos. Mas, quando os jogos valiam os três pontos, o desempenho foi de apenas 54%. Foram seis vitórias em 14 partidas, além de cinco empates e três derrotas.

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A última derrota veio no domingo, diante do Peru, que causou a eliminação do Brasil ainda na primeira fase da Copa América. Foi o pior desempenho desde 1987. O fraco retrospecto em partidas oficiais também deixou a seleção em sexto lugar nas Eliminatórias – fora, portanto, da zona de classificação à Copa da Rússia. Cabe agora a Tite recolocar o time no caminho do Mundial de 2018.