Publicidade

Árbitros brasileiros no meio de uma polêmica sem fim

Erros colocam profissionais em xeque

PUBLICIDADE

Foto do author Almir Leite
Foto do author Gonçalo Junior
Por Almir Leite e Gonçalo Junior
Atualização:

O trabalho da arbitragem brasileira é colocado em xeque em toda rodada. O Estado confere as opiniões de especialistas e dirigentes, além das discussões nas redes sociais, sobre essa polêmica sempre renovada. 

PUBLICIDADE

O assunto dos últimos dias foi a escolha de Guilherme Ceretta de Lima como árbitro da finalíssima entre Santos e Palmeiras, hoje, na Vila Belmiro. No Twitter, palmeirenses criticaram a escolha, alegando que o árbitro seria santista. O “argumento” é uma foto que circula nas redes na qual o árbitro da final estaria comemorando um gol ao lado dos familiares do goleiro Rafael, ex-Santos e hoje no Napoli. Em seu perfil no Instagram, o árbitro usa a Hashtag “Contra tudo e contra todos”. 

Com medo de punições, os jogadores evitam o tema. O atacante Fred, por exemplo, foi penalizado por dois jogos e ficou fora da semifinal do Campeonato Carioca por críticas aos árbitros no Fla x Flu. O Botafogo avançou e hoje decide o título contra o Vasco. 

O árbitro Vinícius Furlan na primeira partida da final entre Palmeiras e Santos Foto: Alex Silva

O silêncio é um reflexo direto do documento divulgado pela Comissão Nacional de Arbitragem da CBF (Conaf) determinando mais rigor às punições por reclamação. Era um manifesto contra os “pitis”. “A realidade é que estamos em um país em que é difícil ser autoridade, não se tem credibilidade. Por isso é difícil para o juiz trabalhar”, diz Arnaldo Cézar Coelho, comentarista da Rede Globo. 

Como forma de se defender de tantas críticas, os árbitros cobram melhores condições de trabalho. A principal reivindicação é a profissionalização, ou seja, carteira assinada para que possam dedicar só ao seu trabalho. Esta é a principal luta dos sindicatos da categoria e da Associação dos Árbitros (Anaf). Segundo os sindicalistas, os árbitros profissionais teriam mais tempo para estudar, treinar e, com isso, apitariam melhor. Na verdade, a luta é para colocar em prática uma lei que já existe. Sancionada pela presidente Dilma Roussef, em 10 de outubro de 2013, a lei 12.867 regula a profissão do árbitro, mas, na prática, não pegou. 

Para Sérgio Correa, presidente da Conaf, o caminho da profissionalização é tortuoso. “Quem vai pagar essa conta? Além disso, árbitros profissionais não significam árbitros infalíveis. Até os atletas qualificados também erram”, diz o dirigente.

Preparação. Para Arnaldo César Coelho, os brasileiros são bem preparados. “A qualificação dos árbitros está bem melhor do que há alguns anos. Antes, cada um fazia os seus próprios estudos. Eu mesmo estudava sozinho”, diz o comentarista da TV Globo. 

Publicidade

Roberto Perassi, diretor da escola de árbitros da Federação Paulista de Futebol, detalha a formação em São Paulo. Ao longo de um ano e meio, os árbitros estudam as 17 regras do futebol, fazem cursos práticos e um estágio supervisionado no qual trabalham nas categorias de base. “Todos os anos, os árbitros passam por avaliações teóricas, orais, além de testes físicos, médicos, psicológicos”, afirma o coronel Marcos Marinho, chefe da arbitragem da Federação Paulista. 

Para Perassi, o problema é de enfoque. “Os brasileiros erram tanto quanto os europeus. O que muda é a maneira de ver o erro. Lá, faz parte do espetáculo, tanto como erram os jogadores. Aqui, é visto como determinante para um resultado”, diz o professor.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.