Os jogadores do ASA não estavam eufóricos apenas com a classificação para a segunda fase da Copa do Brasil, contra o Palmeiras, em pleno Palestra Itália, mas também com a estréia na cidade de São Paulo. De todo o elenco, poucos conheciam a capital paulista. Foi a primeira vez nos 50 anos de história que o time alagoano de Arapiraca pisou em território paulistano. O hotel em que a delegação do ASA se hospedou, na região central da cidade, parecia algo de outro mundo para os atletas - embora não seja nem "sombra" dos mais luxuosos que São Paulo oferece. Após a partida, uma grande festa. Um jantar foi servido para o elenco, mas nada de bebida alcoólica. Cerveja, só para a comissão técnica. As comemorações terminaram por volta das 2 horas da madrugada, porque, já na manhã desta quinta-feira a delegação tinha de correr para o aeroporto de Cumbica para retornar ao Nordeste. "Parece sonho", disse o lateral Ivan. É mais do que sonho para jogadores desconhecidos e que ganham mal pisar num estádio como o Palestra Itália e eliminar o Palmeiras. Cerca de 80% dos atletas do ASA ainda não conseguiram comprar uma casa. A prefeitura de Arapiraca banca um quarto de hotel para cada dois jogadores. É naqueles poucos metros quadrados que eles vivem. Não importa, o prazer de jogar futebol fala mais alto. O maior salário do elenco é do lateral Cléber, cerca de R$ 2,3 mil. O grupo inteiro, incluindo a comissão técnica, não representa mais do que R$ 35 mil ao mês para a diretoria. Arce, Marcos, Alex, entre outros palmeirenses, ganham três vezes esse valor. A patrocinadora do clube, a Unimed, dá R$ 3 mil por mês, ou 200 vezes menos que a Pirelli paga aos paulistas. O presidente do clube é uma espécie de curinga. Além da função diretiva, Luciano Machado exerce a função de médico da equipe. Entra em campo para atender aos jogadores, mas garante que não dá nenhum palpite ao técnico Ubirajara Veiga.