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Atendimento foi correto, diz São Paulo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Numa entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira no estádio do Morumbi, no mesmo local da morte de Serginho, tanto os dirigentes do São Paulo como o responsável pela equipe de resgate do Hospital São Luiz, Dino Altmann, fizeram questão de deixar claro que o procedimento de atendimento ao zagueiro foi correto. "Posso afirmar que o São Paulo é o clube do Brasil com melhor estrutura hospitalar em seu estádio. O que houve foi uma fatalidade", disse o presidente tricolor, Marcelo Portugal Gouvêa. "O atendimento foi absolutamente correto. Não consigo ver um erro no procedimento", emendou o médico Dino Altmann, do Hospital São Luiz. Altmann não estava presente no atendimento a Serginho, mas, ciente do caso, afirmou: "Se um atleta de 30 anos não tivesse uma patologia, não cairia no campo com uma parada cardiorrespiratória". Altmann não soube informar qual seria a patologia do zagueiro do São Caetano, mas um médico que esteve com o jogador disse que "o mais provável é que Serginho tivesse uma hipertrofia cardiovascular". O mesmo médico, que pediu para não ser identificado na reportagem, acrescentou que "esse tipo de doença poderia ser acusada num exame preventivo, mas mesmo esse diagnóstico não significaria que o atleta tivesse que ser impedido de jogar futebol. Depende de cada pessoa". Com relação ao atendimento ao zagueiro, Dino Altmann refutou algumas questões levantadas que poderiam sugerir erro no procedimento, como a falta de um desfilibrador com os médicos ainda no gramado e a suposta demora na saída da ambulância do estádio para o hospital. Sobre o desfilibrador, Altmann disse que "nem sempre a presença do aparelho por perto resulta no sucesso da ressuscitação do paciente". O responsável pela equipe de resgate do Hospital São Luiz falou também sobre o tempo levado para que o desfibrilador pudesse ser ligado em Serginho: "Segundo uma emissora de tevê, esse tempo foi de 2min56s. Ora! Esse tempo é fantástico! Mesmo se ele estivesse já num ambiente hospitalar poderia levar mais tempo, até que sua roupa fosse rasgada e os eletrodos fossem colocados no corpo". Marco Aurélio Cunha, médico e supervisor de futebol do São Paulo, emendou: "Por que levar o aparelho até o jogador no gramado, e usá-lo numa condição que não é a recomendada, se era possível transportar o jogador até a ambulância ou até o centro médico, onde ele teria todos os aparelhos à disposição? Foi isso que foi feito". A ação da ambulância também foi colocada em xeque. Quando Serginho caiu no gramado, o motorista não estava no veículo, mas sim no centro médico. Cunha, porém, afirmou que isso é ?normal?. "Numa partida de futebol, quanto menos pessoas no gramado, melhor. O motorista estava no lugar onde sempre fica, numa sala que fica a apenas alguns passos da ambulância". O médico e dirigente são-paulino emendou: "E mesmo se ele estivesse lá, não poderia entrar no gramado assim, do nada. É o médico quem autoriza a entrada da ambulância. O mais adequado era mesmo o transporte no carro-maca, como foi feito". Serginho foi colocado na ambulância exatos 2min36s após cair no gramado. O veículo, porém, não partiu para o Hospital São Luiz logo em seguida. Demorou alguns minutos. O zagueiro chegou, inclusive, a ser tirado da ambulância e levado para o centro médico, que fica na saída do estádio. Para Altmann e Cunha, tudo correto. "Com uma ambulância em andamento, apertada, é difícil ligar o desfilibrador. No centro médico, havia espaço e condições melhores para tentar a ressuscitação", disse Altmann. Serginho saiu do Morumbi "em situação crítica", segundo Altmann. Os médicos tentaram reanimá-lo no gramado, na ambulância, no centro médico do estádio e depois no Hospital São Luiz. Mas o zagueiro não respondeu aos estímulos. "Nós, médicos, não desistimos fácil. Tentamos por 45, 50 minutos reanimá-lo. Uma pessoa só é declarada morta quando não reage a nenhum dos estímulos. E o Serginho não reagiu em nenhum momento", disse Altmann. Quando Serginho caiu no gramado do Morumbi, eram 21h49. Sua morte foi declarada às 22h45, já no Hospital São Luiz. No dia do jogo, havia duas ambulâncias do Hospital São Luiz (que mantém convênio com o São Paulo) no estádio para atender as quase 15 mil pessoas que pagaram ingresso. Segundo o Estatuto do Torcedor, tudo dentro da lei. "O Estatuto fala em uma ambulância para cada 10 mil torcedores. Nós tínhamos duas para atender toda aquela gente", disse Altmann. "E essas ambulâncias não estavam lá apenas para atender aos jogadores, mas sim para servir a todos os presentes. Tanto que uma delas havia saído para levar um atropelado ao Hospital do Campo Limpo e um cameraman com crise de hipertensão para o Hospital Santa Lourdes", emendou.

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